As carreiras-solo dos irmãos mais famosos da MPB ganharam novo capítulo
na semana passada: na mesma noite em que JUNIOR se apresentou com sua
banda pop em um bar de São Paulo, SANDY fez sua estréia como cantora de
jazz em uma casa de shows especializada no tema, também na capital
paulista. Confira o resultado – e o que experts em música acham da nova
fase “cool” da moça.
Eles estão mais do que acostumados com megashows – daqueles em estádios
de futebol, para milhares de pessoas. Agora, o desafio de Sandy e
Junior – que desde o ano passado vêm fazendo aparições separados um do
outro – parece ser justamente o contrário: o de cantar e tocar para um
público menor, mais sofisticado musicalmente, e cada vez mais distante
das crianças e dos adolescentes que até outro dia vibravam com hits como
Vamô Pulá!.
Na semana passada, essa mudança de rumos teve um capítulo especial: na
quarta-feira, 4, noite em que Junior fez no bar Na Mata Café, em São
Paulo, mais uma apresentação com a SoulFunk, banda que criou no fim do
ano passado, Sandy estreou como “diva de jazz” em uma casa de
espetáculos especializada no gênero.
“Acho que vocês nunca me imaginaram cantando jazz. Nem eu me imaginava
cantando jazz. Estou muito feliz de botar isso para fora esta noite”,
declarou a cantora para a platéia de 440 pessoas que pagou R$ 150 por um
ingresso para vê-la interpretar clássicos de autores como Cole Porter e
George Gershwin, com pitadas de Beatles, Burt Bacharach e muito Tom
Jobim.
GARGAREJO. Se o repertório da moça foi de gente grande, a banda também
foi – e incluiu músicos como o guitarrista Jarbas Barbosa e o
trombonista Bocato, velhos conhecidos de quem acompanha a boa música
instrumental feita no país. “Agora eu estou chique. Vocês perceberam
como minha banda está chique?”, brincou ela – que, para se preparar para
as duas apresentações, ensaiou durante um mês, sempre aos domingos,
durante seis horas seguidas. Todos os ensaios aconteceram na casa do
namorado, Lucas Lima, cujo irmão, Amon-Rá, cuidou da direção artística
do show.
Na platéia da noite de estréia, além de Lucas e dos pais, Noely e
Xororó, Sandy contou com o próprio Junior – que viu apenas um pouco do
show, já que tinha o próprio espetáculo para fazer. O resto da turma
ficou até o fim – e só tinha elogios à cantora. “A idéia de fazer o show
nos surpreendeu. Nós sabíamos que ela gostava desse tipo de música.
Agora, encarar esse estilo é bem diferente. Ficamos surpresos com a
evolução dela”, declarou Xororó.
CRÍTICAS. Em sua tentativa de “amadurecimento”, Sandy deu entrevistas
apenas a jornalistas especializados em música e vetou a presença de
diversas publicações na cobertura do show. A explicação oficial é que
ela vive uma fase mais “séria”, em que busca ser reconhecida “por seu
trabalho, e não pela vida particular”.
A versão jazzística da cantora, no entanto, divide opiniões. O público dos shows pareceu satisfeito.
“Foi o máximo. R$ 150 para ver a Sandy é de graça”, comemorava a
administradora de empresas Fabiana Rossato. Mas nem todo mundo se
empolgou. “O jazz não depende do repertório e sim da interpretação.
Sandy não tem a menor noção do que é jazz”, opina o crítico Zuza Homem
de Mello. O músico Guga Stroeter, um dos fundadores da orquestra
Heartbreakers, também torce o nariz: “Cada um faz o quer: vire roqueiro,
vire jazzista. Mas não me solicite para embarcar em desesperos
mercadológicos alheios. A virgem cresceu, pode até rolar na mídia, mas,
para quem se nutre de jazz, essa investida é lucrar com o estereótipo.”
CONTRASTE. O figurino escolhido para a noite foi simples, clássico:
camiseta Ellus 2 nd Floor, saia Gisele Nasser e scarpin Prada. Enquanto
isso, Junior se divertia no palco do Na Mata com um show que manteve as
características que marcam sua trajetória-solo: repertório mais pop,
platéia bem jovem e descompromissada, muita bebida, diversão.
Seria o sinal definitivo de que os irmãos realmente pretendem seguir
caminhos opostos? Eles ainda insistem que não. “Eu diria que é um pouco
esquisito ficar sozinha no palco, bem no meio dele. Sempre tem um certo
Junior do meu lado. Ju, se você estiver aí, estou sentindo sua falta.
Ele é meu concorrente hoje!”, brincou ela no palco, fazendo referência
ao fato de o irmão se apresentar em outro lugar, praticamente na mesma
hora. Algo que os fãs da dupla, pelo jeito, vão ver com cada vez mais
freqüência.
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O SHOW DE SANDY
REPERTÓRIO:
Cry Me a River (Arthur Hamilton)
Sweet Georgia Brown (Louis Armstrong)
Autumn Leaves (Joseph Kosma, Johnny Mercer e Jacques Prévert)
Triste (Tom Jobim)
Fotografia (Tom Jobim)
Summertime (George Gershwin)
Cherokee (Ray Noble)
Blackbird (John Lennon e Paul McCartney)
Body and Soul (Frank Eyton, Johnny W. Green, Edward Heyman e Robert Sour)
Chovendo na Roseira (Tom Jobim)
Corcovado (Tom Jobim)
S´Wonderful (George e Ira Gershwin)
Night and Day (Cole Porter)
The Look of Love (Burt Bacharach e Hal David)
All Right, ok, You Win (Sid Wyche e Mayme Watts)
BIS:
Águas de Março (Tom Jobim)
When I Fall in Love (Edward Heyman e Victor Young)
PÚBLICO:
440 pessoas
INGRESSOS:
R$ 150
DURAÇÃO:
1h e 7 minutos, incluindo o bis
MÚSICOS:
Chico Willcox (baixo), Eric Escobar (piano), Igor Willcox (bateria), Jarbas Barbosa (guitarra)
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
Bocato (trombone)
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O SHOW DE JUNIOR
REPERTÓRIO DA BANDA SOULFUNK:
This Love (Maroon 5)
Cruisin´ (Smokey Robinson)
Qual é? (Marcelo D2)
Where Is the Love? (Black Eyed Peas)
Ando Meio Desligado (Mutantes)
Isn’t She Lovely, (Stevie Wonder) E ainda um mix de hits de Lenny
Kravitz, Banda Black Rio, Jorge Ben Jor,No Doubt, The Brand New Heavies,
Roberto Carlos, Justin Timberlake e Tim Maia.
PÚBLICO:
300 pessoas
INGRESSOS:
R$ 20 para mulheres, R$ 25 para homens
DURAÇÃO:
Mais de 2h
MÚSICOS:
Junior Lima (bateria), Milton Guedes (vocal), Guilherme Fonseca
(guitarra), Erik Escobar (teclado, que nessa noite tocou com Sandy e foi
substituído por Allen Lima), Dudinha (baixo), Giba Favery (percussão) o
DJ Tubarão (scratches)
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
Negra Li