9 de mai. de 2005

09/05 - Revista Uma: "Não sou princesinha"

Como você define o momento atual?

Sandy: É uma fase muito gostosa. Este ano entrei na faculdade de Letras da PUC. Eu tinha vontade de estudar havia algum tempo, inclusive já tinha entrado na PUC em psicologia, há três anos, mas não cursei porque estava envolvida em outros projetos, turnês, programas de tevê. Outra coisa muito boa é que estou preparando um CD novo com o Junior.



Outros projetos?

Fui convidada pelo Bourbon Street (casa de shows, na capital paulista) para participar de um projeto de jazz e já comecei a ensaiar com um quarteto de formação jazzística. Está sendo divertido e prazeroso. Amo jazz. Mas só cantava jazz no chuveiro (risos).



Que cantora de jazz inspira você?

Ella Fitzgerald, uma diva eterna, e Diana Krall, que eu fui ver em um show e dei uma de tiete, até tirei foto junto. Outra boa novidade é que fui convidada para cantar junto com Caetano Veloso na comemoração dos 40 anos da Globo. Vamos tocar um medley (várias músicas que já foram tema de novela). Não ensaiamos ainda, mas estou muito animada.



Como é sua rotina?

Acordo às seis e vinte da manhã, com despertador, e vou para a faculdade. Depois, volto para gravações, reuniões, ensaios e tudo mais. Faço ginástica, às vezes tomo sol, e procuro me alimentar bem. Para falar a verdade, não gosto de lanche, de porcariada. Prefiro "sustança".



O que você gosta de fazer nas horas vagas?

Ler, namorar, curtir a noite. Eu adooooro a noite. Acho que é o momento em que o mundo se aquieta, sabe? É quando eu fico mais sozinha, uma hora de inspiração. Não só para compor, mas para ter tempo de olhar e refletir sobre minha história.



É difícil crescer assim, com milhões de olhos em cima de você?

Sabe o que é mais difícil? É as pessoas acharem que têm o direito sobre sua vida porque te viram desde pequena, sem dente, gorducha, depois pré-adolescente, em todas as etapas... Elas se sentem um pouco donas. É complicado lidar com isso, mas eu já me acostumei (diz, conformada). Faço terapia há quatro anos.



O que incomoda mais?

É ver as pessoas dando opinião sobre a minha vida e rotulando de coisas irreais. Gosto das coisas certas, comigo é o preto no branco. Já fui chamada de virgenzinha, princesinha encastelada, bonequinha. Depois de uma entrevista em que falei que era uma pessoa normal, que gosta de sair, namorar, e não essa caretinha que todo mundo achava, saiu numa matéria que eu tinha tomado porres e feito orgias! Uma hora eu sou a santa, outra hora a desvairada, né? Também diziam que eu chegava na gravação da novela (Estrela Guia, da Globo) de avião e que comia em refeitório diferente dos atores, como se fosse uma estrela metida. Me irritava, porque sou o contrário.



Você namora em público?

Como me incomoda muito essa invasão, quando estou com o Lucas e sei que tem fotógrafo
procuro não fazer cenas de paixão explícita. Mas meu relacionamento não diz respeito ao Brasil inteiro. É assunto só meu. E dele.



E os boatos sobre o fim de parceria com o Junior?

Estamos juntos porque queremos. Mas fazer projetos paralelos também é uma questão de segurança.
Depois de 15 anos, eu e Junior sabemos que participar de trabalhos independentes só agrega.



Como é a Sandy no trabalho, com sua equipe? Você está à frente de 60 homens na sua empresa?

É mais ou menos isso. São poucas mulheres. E eu adoro liderar, botar o negócio para funcionar.
Sou super delicada, falo com o maior jeito e gosto de ver as pessoas trabalhando em harmonia.



Você é determinada?

Bastante. Quando quero fazer algo, vou e faço. E sou perfeccionista. Isso me atrapalha porque chego a ser meio neurótica com algumas coisas. A vantagem é que sempre fui concentrada. Como não tinha tempo de estudar em casa, prestava atenção. Na hora do vestibular, confiei nisso.



Como está sendo a Integração na universidade?

Foi ótimo e muito diferente do que eu esperava. Por eu ser artista, algumas pessoas têm um pouco de preconceito, ficam com o pé atrás. Estava meio apreensiva, mais fui super bem recebida.



O assédio irrita você?

Sou impaciente com algumas coisas, mas com isso tenho uma paciência que é de se admirar. Mas é claro que há horas em que fica inconveniente. Você está no restaurante, com a boca cheia, alguém vem te pedir para tirar uma foto. Nessas horas, dá vontade de ser uma pessoa comum, que ninguém conhece.



A gastrite veio por causa disso?

Eu somatizo muito. Em mim, tudo reflete no organismo: estômago, pele, a unha que começa a quebrar... O meu corpo fala. Faço terapia e espero um dia conseguir mudar. Agora estou bem melhor, mas comecei bem cedo com essa gastrite, na adolescência. Hoje sei que dá para errar, que é humano, todo mundo erra. Estou mais tranqüila.



Você era muito cobrada?

Pelos outros, não. A coisa era comigo mesma. Como sabiam que eu me cobrava bastante, meus pais sempre foram "relax". Aos nove anos, tirei o meu primeiro oito. Como só tirava dez, fiquei arrasada.



O que gostaria de mudar em você?

Justamente isso: essa exigência.



O que é importante para você num relacionamento?

Confiança um no outro, companheirismo, carinho e admiração. Se você tem admiração por aquela outra pessoa, você constrói um relacionamento muito mais consistente e intenso. Porque a paixão acaba, mas admiração e companheirismo não podem faltar. O Lucas é um cara que admiro muito.



Quer uma relação estável, como a de seus pais?

Tenho um grande sonho de casar e construir uma família. Claro que vou sempre levar minha carreira, mas também vou ser uma dona de casa e tanto, uma esposa, uma mãe. Para mim, é muito importante.



Qual é a importância do sexo num relacionamento?

Ah, esse é um assunto complicado, porque eu não falo sobre sexo. Mas no geral, eu acho que todos os componentes são importantes. Isso faz parte. Tudo faz parte. Não dá para ser só gostoso fisicamente ou só bacana espiritualmente.



Você ficou meio traumatizada com a história da virgindade, de as pessoas falarem muito sobre isso?

Na época, fiquei bastante irritada. Um assunto só meu e todo mundo comentando o que queria. Hoje, já dou risada de coisas absurdas que falavam.



Um sonho?

Consolidar a minha carreira e mostrar o que eu e Junior podemos fazer. Outro é terminar a faculdade, ter uma família, enfim, ser feliz. Também quero escrever um livro, um romance.