7 de mai. de 2005

07/05 - O DIA: Luz do Solo ( Sandy )

Sandy surpreende público cantando jazz com ingressos a R$ 150 no mesmo dia em que Junior toca soul.

SÃO PAULO. Um banquinho à meia-luz, um piano de cauda e a intimidade musical da menina que se transforma em mulher. Mãozinha na cintura, sorriso infantil e voz mansa derramando Cry me a River no microfone solitário. Era Sandy sem Junior, na pequena casa paulista de jazz Bourbon Street. Na noite fria de quarta-feira, a cantora visitou Tom Jobim e clássicos da canção americana como Summertime. Músicas que o pai Xororó não ouve . “Estou abrindo a porta do meu quarto. Cantando o que realmente me toca. Vocês não imaginavam isso. Nem eu”, afirmou Sandy para uma platéia hipnotizada de 400 pessoas,com idade média de 30 anos.

Na primeira fila, o namorado Lucas Lima assistiu imóvel à performance da amada, ao lado dos pais, e Sandy evitou encará-lo. Mas só até os versos românticos de Corcovado (”pra fazer feliz a quem se ama...”), que terminaram num flerte sorridente. “Sandy está radiante”, dizia Lucas antes de começar o show.

Xororó, o pai, Noely, a mãe, e Junior, o irmão, marcaram presença. Junior, que na mesma noite tocaria em outra casa, chegou dirigindo com a irmã e Lucas no carro e saiu antes do show acabar para não perder a hora. Mas ouviu a confissão de Sandy após a interpretação de Chovendo na Roseira.

“É esquisito ficar no palco sem um certo Junior ao lado. Hoje ele é meu concorrente”, disse. Bebendo muita água e limpando a voz em curtos pigarros, Sandy confirmou em tons mais baixos seu talento. Dominou e brincou com melodias difíceis, mas a voz madura não escondeu o jeito de menina que acabara de receber um grande presente. “Essa eu vou cantar em pé porque é difícil”, disse, antes da jobiniana Fotografia. “Essa me tira o fôlego”, revelou, antes de When I Fall In Love.

Falando de felicidade a cada canção e aplaudindo solos, Sandy no final arriscou discretas reboladas e encarnou por segundos as divas do jazz ao duelar com o trombonista Bocato, com direito a mão para cima e olhos fechados. E encerrou com Águas de Março, que já havia cantado aos 14 anos homenageando Elis: “Estou muito chique hoje, não acham?.”