Sandy surpreende público cantando jazz com ingressos a R$ 150 no mesmo dia em que Junior toca soul.
SÃO PAULO. Um banquinho à meia-luz, um piano de cauda e a intimidade
musical da menina que se transforma em mulher. Mãozinha na cintura,
sorriso infantil e voz mansa derramando Cry me a River no microfone
solitário. Era Sandy sem Junior, na pequena casa paulista de jazz
Bourbon Street. Na noite fria de quarta-feira, a cantora visitou Tom
Jobim e clássicos da canção americana como Summertime. Músicas que o pai
Xororó não ouve . “Estou abrindo a porta do meu quarto. Cantando o que
realmente me toca. Vocês não imaginavam isso. Nem eu”, afirmou Sandy
para uma platéia hipnotizada de 400 pessoas,com idade média de 30 anos.
Na primeira fila, o namorado Lucas Lima assistiu imóvel à performance da
amada, ao lado dos pais, e Sandy evitou encará-lo. Mas só até os versos
românticos de Corcovado (”pra fazer feliz a quem se ama...”), que
terminaram num flerte sorridente. “Sandy está radiante”, dizia Lucas
antes de começar o show.
Xororó, o pai, Noely, a mãe, e Junior, o irmão, marcaram presença.
Junior, que na mesma noite tocaria em outra casa, chegou dirigindo com a
irmã e Lucas no carro e saiu antes do show acabar para não perder a
hora. Mas ouviu a confissão de Sandy após a interpretação de Chovendo na
Roseira.
“É esquisito ficar no palco sem um certo Junior ao lado. Hoje ele é meu
concorrente”, disse. Bebendo muita água e limpando a voz em curtos
pigarros, Sandy confirmou em tons mais baixos seu talento. Dominou e
brincou com melodias difíceis, mas a voz madura não escondeu o jeito de
menina que acabara de receber um grande presente. “Essa eu vou cantar em
pé porque é difícil”, disse, antes da jobiniana Fotografia. “Essa me
tira o fôlego”, revelou, antes de When I Fall In Love.
Falando de felicidade a cada canção e aplaudindo solos, Sandy no final
arriscou discretas reboladas e encarnou por segundos as divas do jazz ao
duelar com o trombonista Bocato, com direito a mão para cima e olhos
fechados. E encerrou com Águas de Março, que já havia cantado aos 14
anos homenageando Elis: “Estou muito chique hoje, não acham?.”