27 de abr. de 2006

Release - Coletiva de Imprensa

Reprodução

Confira um release que foi distribuído para a imprensa, durante a coletiva realizada dia 26.

Entrevista:

Esse é o 15º disco da carreira de vocês. A produção leva a assinatura do argentino Sebastian Krys, que, pela primeira vez, trabalhou em um CD de Sandy e Junior. Como foi o encontro musical de vocês?
SANDY:
Foi maravilhoso, rolou uma empatia muito grande, de ambas as partes. O Sebastian não conhecia nada dos nossos projetos anteriores e veio trabalhar conosco com a cabeça sem pré-concepções. Ele compreendeu, já em nossos primeiros encontros, qual era a linguagem que eu e o Junior pretendíamos para este CD.
JUNIOR LIMA: Por mais experiente e conceituado que seja, o Sebastian é um profissional com uma característica que considero fundamental: ele sabe ouvir. E isso foi de extrema importância para que nosso encontro musical fluísse naturalmente, sem imposições do nosso lado e vice-versa. O clima de trabalho foi dos melhores. Rolaram
afinidades profissionais e pessoais que, dentro do processo de criação, considero importante e muito saudável. Ele soube capturar nosso momento de transição musical e também equilibrar nossas influências e experiências pessoais neste álbum.


A canção “Tudo pra você” foi composta apenas pela Sandy e de forma inédita: ao piano. Aliás, Sandy assina 7 das 12 canções do novo álbum (sozinha ou em parcerias). Compor já faz parte da sua rotina, Sandy?
SANDY:
Sim, há mais ou menos oito anos. De forma bastante natural, a composição passou a fazer parte do meu dia-a-dia e acredito que, cursando a faculdade de Letras, que comecei no ano passado, eu possa me aprimorar mais nisso. Também acredito que o processo criativo tenha vindo mais à tona com o passar dos anos. Mas não há nenhuma regra para compor. No meu caso, por exemplo, existem músicas que começo pela letra, outras pela melodia. No caso de ‘Tudo Pra Você’, comecei pela melodia, depois, sentei-me ao piano e compus, pela primeira vez, a harmonia. A concepção da letra veio praticamente ao mesmo tempo. Posso dizer que foi realmente um momento especial.

Recentemente, as experiências musicais solo de cada um ganharam bastante espaço na mídia. Junior com o projeto Soul Funk e Sandy relendo standards da música americana. De que maneira esses vôos individuais enriqueceram o trabalho em dupla, retomado nesse CD?
JUNIOR LIMA:
O projeto paralelo com a banda Soul Funk, que já completou mais de um ano e meio, tem me acrescentado muito musicalmente. Passam-se os meses e sempre percebo uma grande evolução no meu trabalho, principalmente como baterista. Aprendi a ter mais ‘jogo de cintura’, a lidar com imprevistos e improvisos musicais. Na Soul Funk recebemos convidados para “canjas“ quase todas as semanas, músicos dos mais variados estilos e “pegadas“. O lance é ouvir e sair tocando. Posso dizer que estreitei ainda mais minha relação com a música e o reflexo disso está neste nosso 15º CD para o qual me senti preparado para tocar bateria em todas as faixas, por exemplo.
SANDY: Acredito que todas as experiências que vivemos sempre nos acrescentam, nos trazem um aprendizado diferente. Tanto o projeto ‘Credicard Vozes’, em que fiz releituras de standards de Jazz e MPB, quanto o projeto ‘Aquarius’, no qual cantei música erudita (do repertório de Villa Lobos) ao lado da Orquestra Sinfônica Brasileira, foram experiências pra lá de ousadas que me enriqueceram como cantora e como ser humano.


Mesmo não estando dentro do segmento musical pop/rock estes projetos me trouxeram novos elementos para o trabalho final, seja na técnica ou até mesmo na própria ‘ousadia’. Isso sem contar o prestígio que me proporcionaram. O que vocês ouviram durante o tempo em que estiveram trabalhando no novo álbum? Há influências diretas ou indiretas das preferências musicais de vocês nesse disco?
SANDY:
Musicalmente, me considero bastante eclética. Gosto de pop, rock, MPB, jazz... Ultimamente tenho ouvido mais jazz: Ella Fitzgerald, Diana Krall, Chet Baker, etc... Gosto muito do trabalho da cantora canadense Sarah McLachlan. Gosto de Cássia Eller, Jamie Cullum, Coldplay, Lenine, Caetano Veloso... Nossa, são muitos nomes. Admiro muita gente da música nacional e internacional, mas procuro não me influenciar diretamente na hora de produzir meu trabalho.
JUNIOR LIMA: Influências diretas do que eu tenho ouvido transportadas para este disco, não. O que rola é aquele esquema de ouvir muito um som e isso acabar influenciando um pouco no meu estilo. Ouço de tudo também, Jimi Hendrix, Audioslave, Red Hot Chilli Pepers, Lenine, Lenny Kravitz, Coldplay, Ed Motta e vários outros.


Junior toca bateria em todas as faixas do CD – já dá pra dizer que é esse é o seu instrumento preferido? Além de co-assinar canções como “Estranho jeito de amar” e “Nas Mãos da Sorte” e “Último”, você assina a co-direção do CD, ao lado de Otávio de Moraes. Estar nos bastidores abre novas possibilidades para o Junior intérprete e músico?
JUNIOR LIMA:
Bateria é meu primeiro instrumento, o que tenho mais facilidade para tocar. Gosto muito de guitarra também. Sobre estar nos bastidores deste novo álbum, posso dizer que comecei este processo no CD Identidade e dei mais ênfase neste 15º álbum. Assumi mais responsabilidades, acreditei mais no meu processo criativo ao compor mais, inclusive uma faixa instrumental (“Último”). Curto muito o trabalho de produção musical. Quando eu tiver um pouco mais de tempo, com certeza produzirei mais coisas.

A faixa “Nas mãos da sorte” traz colaborações especiais. E de artistas tão distintos quanto Milton Nascimento e o rapper Taboo, do grupo californiano The Black Eyed Peas. Como surgiu a idéia de convidá-los?
JUNIOR LIMA:
Eu e Sandy curtimos muito Black Eyed Peas e achamos que o som deles se encaixaria perfeitamente no que havíamos pensado em fazer em ‘Nas Mãos da Sorte’. No caso do Milton Nascimento, além da admiração que sempre tivemos por ele, achamos que sua voz era perfeita para recitar o texto de autoria do Gabriel, O Pensador. Uma voz serena, conhecida e, acima de tudo, com muita credibilidade.

“Discutível perfeição” é um petardo, não Sandy? A letra é uma resposta a algum incidente específico, ou serve pra todos os que já te patrulharam ao longo dos anos?
SANDY:
Não, “Discutível Perfeição” não é direcionada para uma pessoa ou situação específica. É apenas uma manifestação em forma de música de muito do que tenho falado nos últimos anos. Algumas pessoas já ouviram ou perceberam até mesmo antes da música. Talvez ela sirva mais para quem ainda não havia entendido o recado: sou um ser humano como qualquer outro. O objetivo central de ter composto e gravado esta música foi o de esgotar alguns assuntos recorrentes e botar pra fora algumas de minhas verdades.

Além das composições de vocês (com parceiros) e de colaboradores habituais na discografia de vocês, como Vitor Pozas e Alexandre Castilho, há uma novidade em termos de repertório: uma canção inédita de Frejat e Mauro Santa Cecília, “O Preço”. Como ela chegou até vocês?
JUNIOR LIMA:
Conheci o Frejat durante uma participação que fizemos juntos no Senna in Concert. Cantamos e tocamos guitarra juntos na ocasião. Pouco tempo depois, vim a conhecer também o Mauro Santa Cecília, poeta e grande parceiro do Frejat como compositor. Em uma conversa com o Mauro ele disse que me mandaria composições pra que eu e Sandy ouvíssemos. ‘O Preço’ foi uma delas e decidimos gravar.

As canções do álbum falam de relações amorosas, cobranças típicas de quem namora e sofre, enfim, questões comuns ao dia-a-dia de jovens da idade de vocês. Os fãs de vocês também cresceram?
SANDY:
Sim, os fãs cresceram. A média de idade do público em nossos shows gira em torno dos vinte e poucos anos. Têm fãs recentes, fãs que nos acompanham há um tempo, fãs desde o começo. Tem de tudo um pouco. Tem pais e mães que admiram nosso trabalho. Até crianças – que ainda não eram nascidas quando começamos a carreira, há 15 anos!!! Acho muito interessante, mesmo porque não fazemos música direcionada pra elas há vários anos. Posso dizer que, assim como meu gosto musical, nosso público também é bem eclético! E eu gosto muito disso.

As preferidas de cada um: dá pra escolher?
SANDY:
Pergunta muito difícil para um álbum tão recente! Porque quando a gente acaba de finalizar um trabalho, a tendência é estar mais apaixonada por ele do que pelos anteriores. Posso dizer que gosto bastante de ‘Estranho Jeito de Amar’, ‘Discutível Perfeição’... ‘Tudo Pra Você’ é especial – minha primeira composição ao piano!
JUNIOR LIMA: Gosto de todas, até porque, do contrário, não estariam no CD! É claro que rola uma ‘preferência’ por umas e outras. ‘Nas Mãos da Sorte’, ‘Dessa Vez’ e ‘Você não Banca Meu Sim’ são algumas delas.

Palavras de Sandy e Junior:

Mesmo sob a (repetitiva) pressão de que eu e Sandy iríamos nos separar, de que não haveria um próximo CD conjunto, continuamos muito tranqüilos para apresentar nosso novo trabalho. O último álbum, Identidade,
foi lançado em outubro de 2003. Concordo que existia uma brecha para tais ‘especulações’, principalmente porque separados, consolidamos com bastante aceitação (sem falsa modéstia) nossos projetos paralelos – eu com a Soul Funk e a Sandy com projetos de Jazz e MPB. E que bom que tudo isso aconteceu! Que bom termos pisado no freio! Porque só assim conseguimos, juntos (só eu e a Sandy, mais ninguém), chegar à conclusão de que o 15º CD seria, mais uma vez, nosso! Um álbum com as influências musicais do que vivenciamos, seja como intérprete ou simplesmente ouvinte e admirador. Um trabalho que tinha que ter a nossa cara traduzida em música.
Dando continuidade ao que iniciamos com Identidade, nesse novo álbum pusemos ainda mais as ‘mãos na massa’. Mais uma vez me envolvi nos bastidores cuidando da co-direção do álbum ao lado do produtor argentino Sebastian Krys e do nosso bom e velho amigo Otávio de Moraes. Trabalhamos com muita sintonia, num clima bastante amistoso, o que considero primordial nesse tipo de projeto. Grande parte do trabalho foi concebido nos Estados Unidos, mas posso garantir que o CD é bem brasileiro, é pop-rock. Deixamos pra colocar voz em algumas músicas no Brasil e algumas percussões também foram gravadas por aqui. Falando em gravação, este foi o primeiro álbum em que toquei todas as baterias. Confesso que ter começado a estudar música e a tocar com freqüência com a Soul Funk me deixou muito mais preparado. Além de batera, gravei violão de algumas outras faixas.
Quem ouvir o CD vai perceber que meus vocais estão mais presentes. É claro que a voz principal da dupla ainda é a da Sandy – e continuará sendo, afinal, Sandy é Sandy, né?! (rs). Além de estudar bateria e guitarra, fui fazer aula de canto, me aperfeiçoar. Na hora de colocar vozes nas faixas, sentíamos quais se adequavam mais a cada um de nós. Em ‘O Preço’ (composição do Frejat e Mauro Santa Cecília) e ‘Dessa Vez’, por exemplo, minha voz tinha mais a ver com o som. Falando em faixas, produzimos onze para o novo CD, uma delas totalmente instrumental (‘Último’). Foi uma brincadeira bacana que acabou virando música. ‘Nas Mãos da Sorte’, ‘Você Não Banca meu Sim’ e ‘Dessa Vez’ são algumas das minhas preferidas, confesso. A primeira, por exemplo, porque envolveu vários aspectos que me agradaram: um rap do Gabriel O Pensador, participações mais do que especiais de Milton Nascimento e Taboo (rapper do The Black Eyed Peas), uma mistura de ritmos brasileiros com hip hop, com letra minha e da Sandy. É bastante especial. Prova disso, todos os compositores desta faixa vão doar seus direitos autorais para o Instituto Ayrton Senna. ‘Replay’ também é uma faixa que curto bastante. Quando eu e a Sandy tivemos que sugerir uma música para ser o primeiro single do CD, a resposta foi unânime. Tem um arranjo bacana e é uma música inédita, feita por encomenda para esse CD por dois suecos (a Sandy fez a versão em português). E falando da minha irmã de novo, ela ‘quebrou tudo’ nas composições deste álbum. Sete das onze faixas são dela. Mas é claro que ‘Discutível Perfeição’ é ‘indiscutivelmente’ uma das mais comentadas. Sandy mandou bem pra caramba na letra, em parceria com a Tati Parra. E não foi só na letra, a gravação também ficou demais. Acho que no DVD bônus vai dar pra ver alguns trechos, eu tocando bateria e Sandy colocando a voz. Produzimos algumas imagens que vão expressar melhor o que tentei colocar no papel.
É. Trabalho pronto. Sensação de missão cumprida. E foi mesmo.
Fizemos no nosso tempo, ao nosso jeito. Tem mudanças? Sim, ficarão visíveis. Espero que nosso público goste. Espero também que novas pessoas conheçam e gostem. Espero que as pessoas ouçam nosso novo som sem ‘pré-conceitos’.
Junior Lima.
Campinas, abril de 2006.


Quando resolvi sentar pra escrever um pouco sobre este novo álbum, confesso que rolou um flash back. Voltei por exemplo para o The Warehouse Recording (nos EUA), um dos estúdios em que gravamos. Voltei para vários cantos em que, por vezes, me sentei pra compor. Voltei ao piano. Voltei ao lançamento do nosso álbum anterior, em outubro de 2003. Foram várias boas lembranças. E aí, fica muito complicado saber o que não pode ficar de fora. Vou tentar pontuar um pouco de tudo o que recordei.
Outubro de 2003. Mais de dois anos e meio se passaram desde que o Identidade chegou às lojas. Nosso público fiel estava na expectativa por um ‘próximo’ disco. Eu também. Mas o novo trabalho tinha que rolar de forma cem por cento natural, condição preestabelecida por mim e pelo Junior. E foi isso que aconteceu. Desta vez trabalhamos sem a pressão de ‘temos que lançar no dia tal’. Confesso que foi um passo vital para a concepção deste álbum, onde pretendíamos mesclar nossa personalidade musical de forma bastante equilibrada. Passei a compor sem a pressão de ter que gravar. E isso só me deixou ainda mais tranqüila durante o processo criativo. Tudo rolou mais naturalmente. Foi leve, prazeroso. Compus, por exemplo, minha primeira música ao piano. Comecei pela melodia e, quando me dei conta, tinha a harmonia e a letra de ‘Tudo Pra Você’ prontas. Confesso que considero isso uma de minhas ‘ousadias’ neste novo trabalho, afinal de contas, comecei a estudar piano só no ano passado. Para aproveitar esse momento ‘composições’... Fazer a letra em português de ‘Replay’, nosso primeiro single,foi um processo bem diferente de ‘Tudo Pra Você’. Ouvi a música em inglês, gostei muito do som e comecei a escrever. Foi muito rápido, me veio uma inspiração enorme e, em meia hora, já estava tudo pronto! Logo pensei ‘tem que estar no CD’! Já ‘Discutível Perfeição’ foi um momento ‘desabafo’ em que resolvi esgotar alguns assuntos recorrentes à minha pessoa. Demorei um pouco pra decidir se ela entraria no CD, pois tinha um tom muito pessoal e eu fiquei em dúvida se me sentiria bem expondo tudo isso. Mas resolvi encarar de frente e enfrentar qualquer comentário que pudesse surgir a respeito.
‘Nas Mãos da Sorte’ também foi uma faixa importante. Meu irmão e eu fizemos a composição lá nos Estados Unidos, junto com o Sebastian Krys e o Otávio de Moraes (também produtores do álbum), quando já estávamos em estúdio. A participação do Milton Nascimento e do Taboo do The Black Eyed Peas veio acrescentar ainda mais ao resultado final. Confesso que é uma das minhas músicas favoritas, ao lado de ‘Estranho Jeito de Amar’, por exemplo. E por falar nela... ‘Estranho Jeito de Amar’ é um ótimo exemplo do quanto dei ênfase na interpretação neste álbum. Foi um trabalho mais orgânico e inspirado, menos preocupado com a técnica, quem ouvir irá notar. Há momentos românticos, alguns mais rock’n roll, outros mais pop. Têm vários elementos brasileiros, inclusive um pouco de samba. Está gostoso de ouvir em casa, no carro, na balada, com o namorado, com a turma...
Agora, antes de terminar o texto, não posso deixar de revelar também o quanto foi importante e seguro ter o álbum co-produzido e dirigido pelo Junior. Além de ser meu irmão, de cantar comigo há quinze anos, ele tem muita sensibilidade e um grande talento musical. Manda muito bem nos bastidores, tem jeito pra coisa mesmo! Ao lado do Sebastian Krys e do Otávio de Moraes, ele arrasou na produção musical. O álbum foi muito bem pensado, concebido e finalizado. Nós dois escolhemos o repertório juntos, acompanhamos a pré-produção, toda a gravação das bases, fizemos todos os vocais e acompanhamos a mixagem. Apesar de eu não assinar a co-direção do CD, acompanhei e opinei em todo o processo ao lado dele. Acredito que os quesitos ‘segurança’ e ‘confiança’ são uma via de mão dupla entre nós dois. Pensamos diferente em alguns aspectos. Em outros, somos totalmente idênticos. Isso nos torna cúmplices e, ao mesmo tempo, complementares um do outro. E acredito que esta seja a principal receita para estarmos, mais uma vez, lado a lado. Resultado? Nosso 15º álbum da carreira. Estou feliz, realizada e muito a fim de fazer vários shows pra mostrar, ao vivo, aquilo que produzimos dentro dos estúdios.
Sandy
Campinas, abril de 2006.


Créditos: Universal Music (Material Imprensa) / Clube DNA SJ / A Gente Dá Certo / Adap. A Gente Dá Certo