16 de mai. de 2005

16/05 - Diário A Voz da Serra: Sandy é Chique !!!

Cantando jazz, Beatles e esbanjando categoria, Sandy mostra que está pronta para ser “a cantora”.

Os poucos (cerca de 400, somando as duas noites) sortudos que viram a fabulosa estréia solo de Sandy na perfeita casa de blues e jazz Bourbon Street, em SP, constataram que a irmã de Júnior está pronta para uma carreira individual, mesmo que a dupla não encerre suas atividades. Sobre um eventual fim de Sandy e Júnior, entre um clássico e outro do jazz que cantou na segunda noite (dia 5), quando o Pop Mix acompanhou tudo, ela disse: “É meio estranho estar aqui sozinha no meio do palco, tem sempre um Júnior aqui do meu lado. E antes que digam algo, quero dizer que Sandy e Júnior continuam juntos”, mandou a cantora, que confessava estar menos nervosa que na noite anterior, e que aquele show era mesmo um marco em sua carreira. “Vocês que estão aqui estão fazendo parte de um momento muito especial para mim”, frisou.

Se a idéia era ver Sandy cantando mitos do calibre de Cole Porter, Tom Jobim (de quem ela fez quatro números) e Ella Fitzgerald, o objetivo foi alcançado, até porque ninguém foi ao Bourbon esperando ver uma Billie Holiday paulista ou algo parecido. E por falar em lendas do gênero, foi cantando uma música da seminal e já citada Ella Fitzgerald que Sandy arrancou o maior frenesi da atenta platéia que jogava muito a favor dela, diga-se de passagem, e a sensacional versão de Cry me a river mostrou que Sandy tem tudo para ser, em pouco tempo, uma das maiores cantoras do Brasil.

Outro momento impagável foi quando Sandy, com sua voz suave, na medida certa, brindou a todos cantando Blackbird, dos Beatles. Foi como se Karen Carpenter estivesse longe de suas paranóias, cantando feliz da vida uma versão jazzística de um clássico de Paul McCartney.



Sandy só perdeu para o banquinho


Em alguns momentos cantando em pé, em outros sentada, Sandy, com um dress code que fazia o clássico dialogar com o “desencanado”, esbanjava sensualidade, simpatia e bom humor, e ao ter dificuldades para se sentar numa das vezes, brincou: “Nossa, dez a zero pro banquinho!”.

Outra atitude bacana da cantora, que talvez ao lado de Gisele Bündchen seja de fato uma das poucas celebrities brasileiras, foi a forma honesta e espontânea como valorizava a performance e a competência de seus magistrais músicos de suporte (ela babava com os solos). A banda era mesmo uma atração à parte, e ainda para a visível alegria de Sandy o trombonista Bocato, que tocou até com a imortal Elis Regina, subiu ao palco para acompanhá-la em três músicas, o que rendeu da artista o justo comentário: “Hoje estou muito chique”. E estava mesmo!

Sandy esbanjou talento, elegância e fez o básico dentro de uma proposta que incluía (deve-se dizer) os cuidados de uma “estréia” corajosa de uma cantora oriundamente teen cantando jazz! De um modo geral, e o básico de Sandy foi muito chique, sim, depois deste show dá para arriscar que ela já é quase “a cantora”, e o futuro da dupla deve, de fato, estar causando um grande dilema, mesmo que jamais admitido em uma jovem que já sente sua carreira apontar para outros caminhos e que tem simultaneamente seu parceiro e irmão também, de uma certa forma, pirando com seu elogiado Soul funk. E como ninguém tem bola de cristal, hoje é arriscado dizer o que eles estarão fazendo amanhã, mas é bem provável que os dois sigam não já, mas em breve, rumos opostos e com boas chances de no futuro fazerem a volta dos sonhos de seus provavelmente inconformados fãs. Aí sim, lá na frente, mais maduros, quem sabe criarem o pop ideal, que ainda não encontram até hoje!