13 de mai. de 2005

13/05 - Revista QUEM: Sandy e Junior criando asas

As carreiras-solo dos irmãos mais famosos da MPB ganharam novo capítulo na semana passada: na mesma noite em que JUNIOR se apresentou com sua banda pop em um bar de São Paulo, SANDY fez sua estréia como cantora de jazz em uma casa de shows especializada no tema, também na capital paulista. Confira o resultado – e o que experts em música acham da nova fase “cool” da moça.

Eles estão mais do que acostumados com megashows – daqueles em estádios de futebol, para milhares de pessoas. Agora, o desafio de Sandy e Junior – que desde o ano passado vêm fazendo aparições separados um do outro – parece ser justamente o contrário: o de cantar e tocar para um público menor, mais sofisticado musicalmente, e cada vez mais distante das crianças e dos adolescentes que até outro dia vibravam com hits como Vamô Pulá!.

Na semana passada, essa mudança de rumos teve um capítulo especial: na quarta-feira, 4, noite em que Junior fez no bar Na Mata Café, em São Paulo, mais uma apresentação com a SoulFunk, banda que criou no fim do ano passado, Sandy estreou como “diva de jazz” em uma casa de espetáculos especializada no gênero.

“Acho que vocês nunca me imaginaram cantando jazz. Nem eu me imaginava cantando jazz. Estou muito feliz de botar isso para fora esta noite”, declarou a cantora para a platéia de 440 pessoas que pagou R$ 150 por um ingresso para vê-la interpretar clássicos de autores como Cole Porter e George Gershwin, com pitadas de Beatles, Burt Bacharach e muito Tom Jobim.

GARGAREJO. Se o repertório da moça foi de gente grande, a banda também foi – e incluiu músicos como o guitarrista Jarbas Barbosa e o trombonista Bocato, velhos conhecidos de quem acompanha a boa música instrumental feita no país. “Agora eu estou chique. Vocês perceberam como minha banda está chique?”, brincou ela – que, para se preparar para as duas apresentações, ensaiou durante um mês, sempre aos domingos, durante seis horas seguidas. Todos os ensaios aconteceram na casa do namorado, Lucas Lima, cujo irmão, Amon-Rá, cuidou da direção artística do show.

Na platéia da noite de estréia, além de Lucas e dos pais, Noely e Xororó, Sandy contou com o próprio Junior – que viu apenas um pouco do show, já que tinha o próprio espetáculo para fazer. O resto da turma ficou até o fim – e só tinha elogios à cantora. “A idéia de fazer o show nos surpreendeu. Nós sabíamos que ela gostava desse tipo de música. Agora, encarar esse estilo é bem diferente. Ficamos surpresos com a evolução dela”, declarou Xororó.

CRÍTICAS. Em sua tentativa de “amadurecimento”, Sandy deu entrevistas apenas a jornalistas especializados em música e vetou a presença de diversas publicações na cobertura do show. A explicação oficial é que ela vive uma fase mais “séria”, em que busca ser reconhecida “por seu trabalho, e não pela vida particular”.

A versão jazzística da cantora, no entanto, divide opiniões. O público dos shows pareceu satisfeito.

“Foi o máximo. R$ 150 para ver a Sandy é de graça”, comemorava a administradora de empresas Fabiana Rossato. Mas nem todo mundo se empolgou. “O jazz não depende do repertório e sim da interpretação. Sandy não tem a menor noção do que é jazz”, opina o crítico Zuza Homem de Mello. O músico Guga Stroeter, um dos fundadores da orquestra Heartbreakers, também torce o nariz: “Cada um faz o quer: vire roqueiro, vire jazzista. Mas não me solicite para embarcar em desesperos mercadológicos alheios. A virgem cresceu, pode até rolar na mídia, mas, para quem se nutre de jazz, essa investida é lucrar com o estereótipo.”

CONTRASTE. O figurino escolhido para a noite foi simples, clássico: camiseta Ellus 2 nd Floor, saia Gisele Nasser e scarpin Prada. Enquanto isso, Junior se divertia no palco do Na Mata com um show que manteve as características que marcam sua trajetória-solo: repertório mais pop, platéia bem jovem e descompromissada, muita bebida, diversão.

Seria o sinal definitivo de que os irmãos realmente pretendem seguir caminhos opostos? Eles ainda insistem que não. “Eu diria que é um pouco esquisito ficar sozinha no palco, bem no meio dele. Sempre tem um certo Junior do meu lado. Ju, se você estiver aí, estou sentindo sua falta. Ele é meu concorrente hoje!”, brincou ela no palco, fazendo referência ao fato de o irmão se apresentar em outro lugar, praticamente na mesma hora. Algo que os fãs da dupla, pelo jeito, vão ver com cada vez mais freqüência.

----------------------------------------------------

O SHOW DE SANDY

REPERTÓRIO:
Cry Me a River (Arthur Hamilton)
Sweet Georgia Brown (Louis Armstrong)
Autumn Leaves (Joseph Kosma, Johnny Mercer e Jacques Prévert)
Triste (Tom Jobim)
Fotografia (Tom Jobim)
Summertime (George Gershwin)
Cherokee (Ray Noble)
Blackbird (John Lennon e Paul McCartney)
Body and Soul (Frank Eyton, Johnny W. Green, Edward Heyman e Robert Sour)
Chovendo na Roseira (Tom Jobim)
Corcovado (Tom Jobim)
S´Wonderful (George e Ira Gershwin)
Night and Day (Cole Porter)
The Look of Love (Burt Bacharach e Hal David)
All Right, ok, You Win (Sid Wyche e Mayme Watts)

BIS:
Águas de Março (Tom Jobim)
When I Fall in Love (Edward Heyman e Victor Young)

PÚBLICO:
440 pessoas

INGRESSOS:
R$ 150

DURAÇÃO:
1h e 7 minutos, incluindo o bis

MÚSICOS:
Chico Willcox (baixo), Eric Escobar (piano), Igor Willcox (bateria), Jarbas Barbosa (guitarra)

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
Bocato (trombone)

----------------------------------------------------

O SHOW DE JUNIOR

REPERTÓRIO DA BANDA SOULFUNK:
This Love (Maroon 5)
Cruisin´ (Smokey Robinson)
Qual é? (Marcelo D2)
Where Is the Love? (Black Eyed Peas)
Ando Meio Desligado (Mutantes)
Isn’t She Lovely, (Stevie Wonder) E ainda um mix de hits de Lenny Kravitz, Banda Black Rio, Jorge Ben Jor,No Doubt, The Brand New Heavies, Roberto Carlos, Justin Timberlake e Tim Maia.

PÚBLICO:
300 pessoas

INGRESSOS:
R$ 20 para mulheres, R$ 25 para homens

DURAÇÃO:
Mais de 2h

MÚSICOS:
Junior Lima (bateria), Milton Guedes (vocal), Guilherme Fonseca (guitarra), Erik Escobar (teclado, que nessa noite tocou com Sandy e foi substituído por Allen Lima), Dudinha (baixo), Giba Favery (percussão) o DJ Tubarão (scratches)

PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
Negra Li