19 de fev. de 2004

Sandy: “Resolvi cuidar de mim”

Fotos: Divulgação
Na pele de Sarah, ela é criada no meio de homens: “Foi difícil ser menos delicada”, diz

Sandy

“Resolvi cuidar de mim”

Cantora voltou a acordar cedo,
fazer ioga, acupuntura e terapia

Juliana Lopes e Rodrigo Cardoso
 








Como é sua personagem
no filme?

É uma mulher que foi criada no meio de homens. Por isso, é
bruta na maneira de agir, falar. Parece até sem educação, por-
que come de boca aberta. Tem essa coisa forte, mas também mostra um lado mais feminino, quando começa a se apaixonar
e conviver num ambiente familiar em que existe amor.

Você aparece de costas tomando banho.
Um banho de roupa não existe. E, se mostrasse menos do que aquilo, também ficaria sem graça. É uma cena sensual, mais sutil. É poética, romântica e não mostra nada além do que um decote de vestido mostra.


Como se preparou para o filme?
Fiz preparação com o Sérgio Pena, um ótimo preparador de elenco. Ficamos duas semanas ensaiando, fazendo preparação corporal. Não tenho a pretensão de dizer: sou uma ótima atriz. Consegui fazer uma coisa diferente do que havia feito antes. Tenho autocrítica enorme. Revejo cenas e não acho tudo maravilhoso. Consegui passar um ar misterioso que a Sarah precisava ter. Agora, foi difícil ser menos delicada. A Sarah é muito diferente de mim. Tem uma coisa mais forte, mais rude, uns movimentos mais violentos. Sou muito delicada, muito bailarina clássica.


Como trabalhou esse lado rude?
O Sérgio ficava me provocando. Ele fazia um círculo no chão, um raio de 2 metros. Eu ficava ali dentro e ele: “Vai, finge que você está matando fulano. Abaixa que eu vou te atingir”. Eu pegava um bastão e tinha de me defender, partir pra cima, abaixar, brigar, pular... Tive de ser uma pessoa a postos, com todos os sentidos aguçados e, se precisar, com raiva. Pronta para atacar.


E nada disso faz parte de personalidade?
Não. Sou supercalma. Quase nunca levanto a voz, nem quando estou brigando! Eu brigo na calma. Quase nunca explodo. Explodi uma única vez. Um dia, estava estressada, trabalhando muito numa viagem internacional e me atrasei. Eu já estava apavorada, aí começou todo mundo a me pressionar. As pessoas chegaram no meu quarto do hotel, ficaram olhando, pressionando e falando: “Você está atrasada. Vamos embora, vamos”. Aí, gritei: “Pô, não agüento mais. Tô estressada, cansada, não me pressio-
nem, não agüento”. No geral, consigo viver no meio dessa loucura toda. Sou de Aquário com ascendente em Touro.
O Touro me deixa calma.


Gosta de astrologia?
Adoro mapa astral, vivo estudando sobre isso. Minha
Lua é em Leão. Significa uma pessoa maternal, que
gosta de cuidar, mas de ser cuidada também, de estar
no centro das atenções.


Acredita que um dia irá dar um tempo na carreira, ter uma família e sossegar?
Acho que vou levar carreira e família ao mesmo tempo.
No filme As Horas, a mulher que abandona a família foi chamada de “monstro”, mas quem assiste entende o lado dela. Acho genial essa coisa de o cinema fazer a gente pensar da maneira que ele quer. Na minha vida, quero formar minha família. É um sonho que tenho: casar com todo o figurino, vestida de noiva, na igreja, com padre, padrinhos, vestido branco – não necessariamente daqueles de bolo de casamento. E ter filhos.


Já apareceu alguém que a fez pensar: “Com esse,
eu caso”?

Já houve época em que eu estava bem apaixonada e pensava que fosse casar. Passou. Atualmente, não
pretendo casar com ninguém.


Está namorando?
Então, não sei. Isso a gente pula (risos).


Por que artista namora escondido?
É muito chato namorar deliberadamente, na frente de todo mundo, de todas as câmeras, fotográficas ou de tevê. Aí, as pessoas se sentem no direito de falar sobre sua vida. Então, quanto menos eu der essa chance, melhor.


Já se sentiu culpada por não ter tempo de resolver problemas de sua essência?
Já aconteceu de achar que perdia tempo fazendo um
monte de coisas e não estar fazendo nada por mim.
Esses dias, resolvi mudar. Começar a acordar mais cedo, fazer mais coisas de manhã, voltei para a ioga, faço acupuntura e terapia toda semana. Há dois anos faço
terapia e não conseguia mais ir toda semana. Resolvi
cuidar de mim, me organizar.


Vai ao cinema?
Muito. É meu programa preferido. A primeira coisa que penso em fazer quando sei que terei folga é ir ao cinema. Tem semana que trabalho sete dias e semana que tenho dois dias de folga. Vi Legalmente Loira na minha folga dessa semana. Achei meio bobo. Vi para me divertir. Um filme que me fez pensar, analisar o conceito de vida e encarar as coisas foi As Horas. A interpretação das atrizes (Nicole Kidman, Juliane Moore e Meryl Streep) é demais.


Musicalmente falando, o que tem ouvido?
Gosto de MPB. Estou ouvindo bastante jazz, Norah Jones e uma cantora americana que já morreu e só agora está fazendo sucesso. Chama-se Iva Cassidy, ela é muito boa. Ouço rock de vez em quando. Já pensei em gravar um disco de jazz, misturado com bossa nova.

Fonte: IstoÉ Gente