Por Roberto Guerra
Este é o polpudo orçamento da ficção-científica Acquaria, que estréia em 300 salas do País na sexta-feira 12. Além do generoso investimento, o longa dirigido por Flávia Moraes - egressa da publicidade e estreante em longa-metragem - traz uma bem-vinda surpresa: está longe de se parecer com uma dessas bobagens protagonizadas por Xuxa, por exemplo. O filme tem enredo justificável e é tecnicamente impecável.
Com mote ecologicamente correto, Acquaria tem efeitos digitais de ótima qualidade, fotografia excepcional e direção de arte pra lá de competente. Conta a história de Gaspar (Emílio Orciollo Netto, que faz sua estréia nos cinemas), Kim (Júnior) e do menino Guili (o ótimo Igor Rudolf). Eles vivem num lugar isolado e desértico, depois que o mundo foi destruído por inúmeras guerras na disputa por água potável. Um dia, surge no lugar a desconhecida e misteriosa Sarah (Sandy), que se integra ao grupo, sem que eles desconfiem que ela guarda um importante segredo. Completam o elenco Alexandre Borges, Julia Lemmertz, Milton Gonçalves e Serafim Gonzalez.
Sandy e Júnior, por opção própria, queriam um filme no qual não interpretassem si mesmos. A decisão foi acertada. Apesar de não faltarem números musicais em Acquaria, eles estão inseridos no contexto da trama e não soam falsos. O grande problema talvez esteja no roteiro, principalmente por se tratar de um filme direcionado para o público infanto-juvenil. Em Acquaria faltam as conhecidos pontos de virada do paradigma de Syd Field, ou seja, aquelas famosas mudanças no rumo da história responsáveis por manter a atenção do espectador. No início se faz uma boa apresentação dos personagens chaves e do enredo da história, mas depois a trama segue em banho-maria até o final. Da metade do filme em diante, fica-se com aquela sensação de que algo vai acontecer, mas nada acontece.
Contestações às técnicas de Syd Field à parte, é sabido que elas funcionam e, no caso de um filme de apelo popular e direcionado ao público jovem, tê-las ignorado pode ter sido um erro.