11 de mai. de 2010

Casada e feliz, Sandy, estreia álbum solo com pop rock intimista



A cantora e compositora paulista Sandy Leah Lima, 27 anos, não tira onda de pop star, mas poderia, se quisesse. Ao lado do irmão, Junior, 26, com quem formou a dupla Sandy & Junior por 17 anos, ela gravou 16 álbuns, vendeu 15 milhões de cópias, fez cerca de 1.700 shows no Brasil e no exterior, protagonizou dois filmes, um seriado na TV Globo e licenciou mais de 300 produtos.

São números grandiosos para qualquer artista no Brasil ou no poderoso mercado pop anglo-saxão.A dupla Sandy & Junior acabou em 2007 e, agora, a garota lança seu esperado primeiro álbum solo, Manuscrito (Universal Music). O disco chegou às lojas neste fim de semana com 50 mil cópias, tiragem excepcional para a realidade atual do mercado fonográfico.

BALADAS E ROCKS
Diferentemente da sonoridade bem popular dos trabalhos que gravou na fase anterior, Sandy solo é sofisticada em sua opção por baladas e rocks mais suaves. É como se, em shows, ela trocasse as multidões dos estádios e das grandes arenas por espaços menores, confortáveis.

Embora falte ousadia ao trabalho, Manuscrito é um álbum competente, sincero e com arranjos influenciados pelo folk, o que lhe coloca em sintonia com uma parte interessante da produção pop internacional atual. Entre os destaque estão o rock Quem Eu Sou e a balada Dias Iguais, que tem participação especial da cantora inglesa Nerina Pallot, 35 anos.

O encontro das duas cantoras foi pessoalmente. Nerina, que verteu a letra da música para o inglês, recebeu a brasileira em Londres,onde cantaram juntas, e ainda a apresentou ao engenheiro de som JasonTarver, que veio ao Brasil e foi o técnico de gravação do disco.

Produzido pelo irmão, Junior, e Lucas Lima, marido de Sandy, o álbum teve boa parte das 13 canções nascida da relação cada vez maior entre a compositora e o piano.Ela está apaixonada por acordes menores, “mais triste e mais bonitos”.

Junior e Lucas Lima também dividem a maioria da autoria das canções, “mas todas as músicas no disco têm a minha mão, a minha cara. Fui buscá-las no fundo da alma”, diz Sandy. A seguir, leia entrevista com a cantora, feita por e-mail.

Em ‘Quem Eu Sou’, você canta que “a vida não vem com manual”. Quem é a Sandy que, aos 27 anos, casada e depois de 17 anos de carreira de sucesso ao lado do irmão, Junior, lança seu primeiro álbum solo e inicia nova fase artística?

Sou uma pessoa muito feliz com todas as minhas conquistas na vida pessoal e profissional, cheia de vontade e energia para iniciar novo ciclo na vida artística - que é muito importante pra mim e me fez falta -, agora em carreira solo.

Mesmo muito bem-sucedida como você é, começar uma nova fase para um artista é sempre criar outras expectativas. Como foi o processo de término da dupla Sandy&Junior e a preparação para essa estreia solo? Tranquilo? Ansioso?

É claro que o fim da dupla mexeu comigo, afinal, foram 17 anos de uma história que havia começado em nossa infância! Mas tomei uma decisão muito consciente e, por consequência, a concepção da carreira solo aconteceu de forma tranquila. Foi um processo natural.

‘Manuscrito’ é um disco pop acústico, com arranjos e interpretações mais suaves, com alguns instrumentos da estética folk. Quais artistas internacionais você escutou nos últimos três/dois anos?

Ouvi muita coisa boa! Tenho um gosto eclético para música, mas, ultimamente, tenho ouvido muito KT Tunstall, Jamie Cullum, Damien Rice, Sarah McLachlan, a Nerina Pallot, que participou da faixa Dias Iguais... E muitos outros.

Neste momento de transição artística, o que você diria a um fã que te conheceu na fase teen, cresceu junto contigo e agora vai escutar ‘Manuscrito’? Eu tenho dito aos fãs que estou muito feliz com este meu primeiro projeto solo, porque ele é o reflexo do que eu gosto de ouvir, cantar e compor. Este projeto revela muito de mim, o momento que eu vivo. Ficarei muito feliz se, pelo menos, uma parte deles se identificar com a nova carreira.

O álbum foi gravado e composto com seu marido (Lucas) e seu irmão (Junior). Por um lado, como você mesmo diz, existem muitas afinidades musicais e são pessoas que te conhecem bem. Mas, não teria sido melhor, neste momento, um olhar de colaboradores/produtores mais distanciados, que te tirassem da zona de conforto?

Cheguei a pensar em vários grandes produtores. Tem muita gente que eu admiro no mercado fonográfico. Mas escolhi o Lucas e o Junior por vários motivos. Além de considerá-los excelentes músicos e produtores, eu sabia que eles conseguiriam traduzir em música exatamente aquilo que eu vinha pensando, compondo e planejando pra minha carreira nos últimos anos. Eles me conhecem muito bem. E era isso que eu buscava pra este projeto, algo que imprimisse minha personalidade. E apenas isso! Eu não fiz um disco pra agradar a qualquer pessoa de fora (incluindo os críticos musicais), eu fiz pra mim.

Você é uma mulher bonita e, às vezes, pessoas da imprensa (eu, inclusive) perguntam por que Sandy não explora mais seu lado sensual nos videoclipes, no material promocional dos álbuns, etc. Essas observações esquecem que cada artista tem o direito de conduzir sua imagem como quiser e nem todo mundo quer ser Britney Spears, por exemplo. Qual a sua opinião sobre o assunto?

Meu foco é a música. Gosto (e prefiro!) explorar meu lado musical. Mas é claro que, como mulher, mexe com meu ego quando as pessoas me colocam nestas listas que elegem a mais bonita, a mais sexy. A sensualidade é da natureza feminina e cada mulher tem um jeito particular de explorar esse seu lado.

Desde criança, você está sob os holofotes da mídia que, nos últimos dez anos, tornou-se ainda mais agressiva em termos de exposição da vida dos artistas. Na verdade, a mídia reflete todo um comportamento atual das pessoas, onde qualquer um tem uma câmera digital, registra e posta na internet... É a era da banalização da imagem. Você lida numa boa com essa super invasão de privacidade?

Eu sou uma pessoa bem reservada. Mas, ao mesmo tempo, eu entendo a curiosidade das pessoas e da imprensa pela vida dos “famosos”. Eu lido bem com isso, sim. Afinal, são 20 anos de vida artística. Só não gosto quando passam dos limites e inventam fofocas. Acho que ninguém gosta... Por isso, tudo o que depende só de mim eu tento preservar da minha maneira.

Quais os planos para shows? Estreia quando? Outra coisa: o disco será lançado no mercado internacional?

Estou fazendo tudo aos poucos, sem pressão. Uma coisa de cada vez! Primeiro quero lançar o CD, divulgar bastante. Talvez eu faça uma turnê até o final do ano... E sobre o lançamento do CD, meu foco por enquanto é o Brasil.

Qual sua relação coma Bahia? Você gosta de fazer show em Salvador, tem amigos aqui?

Eu adoro a Bahia, as belezas naturais, o povo alegre e a energia incrível desse lugar! Os shows aí no estado são sempre muito quentes porque o público é muito caloroso, receptivo. Tenho amigos aí sim!! Ivete Sangalo, por exemplo, é uma amigona que eu adoro!!

Fonte: Jornal da Bahia