Simone Blanes
SANDY SE DESPE. Ela mostra partes de seu cotidiano em Campinas, no interior de São Paulo, onde mora, beija o marido, o músico Lucas Lima, em frente às câmeras, exibe fotos do casamento e solta o verbo quando fala sobre sua criação católica. “Sou batizada, mas não sigo totalmente os preceitos da religião. Acho que tem que usar camisinha sim porque se Deus deu a oportunidade de ter prazer, então a finalidade da relação sexual não é só para reprodução”, comenta.
A jovem de 27 anos que o público viu amadurecer ao longo de 20 anos de vida artística diz isso no documentário que acompanha o primeiro CD de sua carreira solo, Manuscrito. “É como meu filho que estou concebendo há dois anos”, disse na festa de lançamento que aconteceu na tarde da terça-feira 27, no Espaço Lilló, em Moema, em São Paulo.
Durante esse “período de gestação”, Sandy dirigiu o olhar para si mesma. “Dormi tarde, acordei tarde, aprendi a administrar um lar e me acostumei com essa rotina. Descobri que gosto de ser dona de casa”, contou. Foi a primeira vez que a cantora pôde se dar ao luxo de ter tanto tempo introspectivo, afinal, ela passou infância, adolescência e parte da juventude, até seus 25 anos, dedicando-se a uma carreira milionária, que rendeu mais de 15 milhões de discos vendidos.
Sandy mostra-se forte para encarar o desafio de voltar à vida artística num trabalho solo que reflete seu novo momento: uma mulher casada, com um diploma de Letras, exibindo pela primeira vez na vida cabelos curtos na altura da nuca e, principalmente, com o total controle do que produz. “Aos 12 anos, morria de vergonha de cantar aquela música dos ‘Power Rangers’. Achava o maior mico. Então, depois de 20 anos de carreira, acho que mereço fazer um disco para mim, que me satisfaça como cantora e compositora. Pode até parecer egoísta, mas esse CD é muito meu”, disse.
Dá para entender Sandy quando ela diz que se sente meio nua com o novo trabalho. Ela gravou Manuscrito na casa dela, rodeada por pessoas que ama, como o marido, Lucas, seu parceiro em quase todas as composições, e o irmão Junior. Os dois assinam a produção do CD. “São pessoas em quem eu confio e que me conhecem. Entreguei para eles porque sabia que não iriam trair o que eu queria para conceber esse trabalho, e como são íntimos tive toda a liberdade de dizer o que gostava ou não.”
Nesse momento, Sandy parece investir seu tempo e suas forças em voltar a trabalhar no que gosta. “Curti o período em que pude me dedicar à minha vida pessoal. Continuo sonhando em ser mãe, mas isso ainda vai demorar um pouquinho. Agora quero me concentrar no maior prazer da minha vida: cantar, tocar, subir ao palco, estar com meu público.”
Feliz por apresentar um trabalho autoral, ela abre mão da coroa de princesa do pop no Brasil, título que deteve durante anos. Sandy diz que seu foco não é voltar ao topo do ranking dos maiores vendedores de discos do País, e também jura que não se preocupa com possíveis críticas. “Não tenho que provar mais nada para ninguém.” Com talento e uma carreira respeitável, ela tem razão.
Fonte: ISTOÉ Gente