Junior nega separação de Sandy, mas diz precisar de projetos paralelos
DÉBORA MIRANDA
do Agora
Cada
vez mais eles vêm trabalhando separados, mas são categóricos ao dizer
que não pensam em terminar com a dupla. Apesar disso, Junior, 21, assume
as diferenças da irmã e diz que acha "fundamental" tocar com a banda
Soul Funk. Em entrevista ao Agora, ele fala da maturidade e da
satisfação em se formar músico e adianta detalhes do próximo disco da
dupla. Veja trechos:
André Porto/Folha Imagem
"Sou músico, não quero ficar pagando de gatinho"
Agora - O que você acha que mudou em você nos últimos anos?
Junior
- Estou em uma fase de mudança intensa e rápida. Pela vida que eu tenho
e pelo momento pelo qual estou passando, de amadurecimento. Comecei a
estudar a fundo. Faço aula de bateria e guitarra. Comecei também aulas
de canto. E toco aqui [no Na Mata, casa onde ele se apresenta às
quartas], com a Soul Funk. Tudo isso me abriu a cabeça.
Agora - O que você está enxergando de maneira diferente?
Junior
- Me enxergando, enxergando a vida, o valor de cada coisa, o lance de
estudar, adquirir conhecimento. Não é um bem material. É um lance na sua
cabeça, uma coisa que só você sabe fazer daquele jeito. E a maneira
como eu enxergo a música. Hoje, eu ouço as coisas que fiz há um ano e já
não gosto, já não concordo com a maioria delas.
Agora -
Você está falando de música. O que você consome, os lugares aonde você
vai, sua relação com as mulheres, tudo isso mudou?
Junior
- Mudou, mudou bem. Eu já tive fases, no começo, de estar tocando aqui,
aquela coisa: "Uau!". Agora, já é mais normal, estou sossegado. Acabou
aquela fase de curtição, de ir com toda sede ao pote.
Agora - Está falando de mulher?
Junior
- É. Eu amadureci muito isso na minha cabeça. Quanto ao convívio
social, como eu já toco aqui toda semana, quase não saio. Para mim, é
muito mais legal que ir a uma balada e ficar ouvindo música. Eu gosto
mais de fazer a música.
Agora - Afastou-se daquele mundo família, amigos de Campinas?
Junior
- Eu, na verdade, não saio muito em Campinas. Estou curtindo mais as
baladas de São Paulo. Isso aumentou o meu relacionamento com os fãs.
Para eles, virei uma pessoa mais normal, eles me enxergam agora como o
cara que eu sou realmente, mais tranqüilo. Quando eles vão a algum lugar
onde estão Sandy e Junior, vão falar com ela, que não está aqui toda
quarta. Virei carne de vaca.
Agora - Como foi para a Sandy esse período?
Junior
- A gente conversa muito. O que fui vivendo, fui contando para ela.
Eram coisas muito claras na minha cabeça. Ela fez o lance de jazz [Sandy
montou um show solo com jazz e MPB], viu-se no palco pela primeira vez
cantando um repertório diferente, sem a minha presença. E sem as pessoas
gritando, que é uma coisa que a gente valoriza muito. Eu sou músico,
não quero ficar pagando de gatinho, não é a minha praia. Nem a dela.
Quando está todo mundo gritando, você fala: "Mas ninguém está ouvindo o
que eu estou tocando". Hoje sou mais realizado como músico.
Agora - Você acha que a Sandy também mudou?
Junior
- A gente mudou muito, todo mundo. A Sandy está com uma relação com a
música muito bacana. Ela começou a estudar piano agora, está ouvindo uns
sons muito bons. E está mais à vontade no palco. Ela está cada vez mais
confiante.
Agora - Musicalmente, vocês gostam de coisas muito diferentes?
Junior
- Jazz, MPB, é disso que ela mais gosta. Ela gosta de rock também, o
que me tranqüiliza, porque eu sei que dá para a gente continuar fazendo o
nosso som, e que ela vai estar curtindo. Hoje, nós temos mais
maturidade para falar de música. Eu não faço nada de que não goste, nem
ela. A gente encontra o denominador comum. As coisas que a gente está
compondo para o novo álbum estão muito mais para o pop rock e para o
rock. Tem umas coisas meio rock inglês e um pé no rock nacional. Estou
muito mais ligado às letras. Nunca tinha feito letra, agora, comecei.
Agora - E as músicas falam do quê?
Junior
- O repertório não está fechado, mas a gente continua falando de amor.
Só que de uma maneira mais bacana. No último CD a gente já estava
mudando. Foi uma pequena mudança.
Agora - Foi uma mudança bem sutil.
Junior
- Bem sutil. Eu confesso que hoje em dia eu ouço e acho que tem uns
erros ali. Já que está mudando, então muda! Mas é o meio do caminho, um
primeiro passo.
Agora - Chegou uma hora em que vocês falaram: "Desse jeito não funciona mais para a gente"?
Junior
- Isso sim! Não funciona mais para mim. Hoje em dia, eu quero fazer
música que me satisfaça. Não consigo mais trabalhar por venda nem por
dinheiro. É lógico que eu quero ter meu público, mas tenho necessidade
de fazer o que eu quero. Essa mudança é minha necessidade e da minha
irmã.
Agora - Você e a Sandy sempre negaram a separação. A longo prazo isso pode acontecer?
Junior
- É difícil dizer, não dá para prever. Hoje, eu me enxergo cantando com
a minha irmã, estou satisfeito com isso e sei que a gente consegue
lidar muito bem com as diferenças. Na verdade, essas diferenças não
fazem a gente dividir, elas somam. Hoje em dia, não quero me separar.
Mas não posso dizer. Daqui a dez anos acontece algo...
Agora - Não seria natural investir mais nos projetos paralelos?
Junior
- O meu já rola toda semana. A minha irmã fez duas noites de jazz em
São Paulo e está para marcar mais. Eu acho fundamental, e, na verdade,
aumentaram esse boatos justamente por causa disso.
Agora - E o CD novo? Por que esse intervalo tão grande entre um e outro?
Junior
- É uma questão de correria, de shows. Mas acho que era o tempo para
amadurecer e vir com algo novo. Acredito que a gente venha com algo bem
legal, mais maduro. Estou investindo nesse trabalho.
Agora - Em que fase está o disco?
Junior
- Estamos compondo e ouvindo coisas de outras pessoas. Tem um pessoal
que trabalha com a gente, backing vocals da nossa banda, que fez umas
músicas fantásticas. Na primeira vez em que eu ouvi, fiquei arrepiado.
Agora - Quando sai o CD?
Junior
- Quando ficar pronto. Graças a Deus, sem prazo. Tinha de fazer com
cuidado. Ouvir, levar para casa, digerir. Era para sair agora, mas a
gente não quis ir correndo pro estúdio, fazer qualquer coisa.
Agora - E a carreira internacional?
Junior
- Os caras estão querendo ver o que a gente está fazendo nesse CD novo
e, se acharem que tem a cara do mercado internacional, querem lançar lá
fora.