30 de ago. de 2005

Junior diz precisar de projetos paralelos

Junior nega separação de Sandy, mas diz precisar de projetos paralelos

DÉBORA MIRANDA

do Agora



Cada vez mais eles vêm trabalhando separados, mas são categóricos ao dizer que não pensam em terminar com a dupla. Apesar disso, Junior, 21, assume as diferenças da irmã e diz que acha "fundamental" tocar com a banda Soul Funk. Em entrevista ao Agora, ele fala da maturidade e da satisfação em se formar músico e adianta detalhes do próximo disco da dupla. Veja trechos:





André Porto/Folha Imagem



"Sou músico, não quero ficar pagando de gatinho"

Agora - O que você acha que mudou em você nos últimos anos?



Junior - Estou em uma fase de mudança intensa e rápida. Pela vida que eu tenho e pelo momento pelo qual estou passando, de amadurecimento. Comecei a estudar a fundo. Faço aula de bateria e guitarra. Comecei também aulas de canto. E toco aqui [no Na Mata, casa onde ele se apresenta às quartas], com a Soul Funk. Tudo isso me abriu a cabeça.



Agora - O que você está enxergando de maneira diferente?



Junior - Me enxergando, enxergando a vida, o valor de cada coisa, o lance de estudar, adquirir conhecimento. Não é um bem material. É um lance na sua cabeça, uma coisa que só você sabe fazer daquele jeito. E a maneira como eu enxergo a música. Hoje, eu ouço as coisas que fiz há um ano e já não gosto, já não concordo com a maioria delas.



Agora - Você está falando de música. O que você consome, os lugares aonde você vai, sua relação com as mulheres, tudo isso mudou?



Junior - Mudou, mudou bem. Eu já tive fases, no começo, de estar tocando aqui, aquela coisa: "Uau!". Agora, já é mais normal, estou sossegado. Acabou aquela fase de curtição, de ir com toda sede ao pote.



Agora - Está falando de mulher?



Junior - É. Eu amadureci muito isso na minha cabeça. Quanto ao convívio social, como eu já toco aqui toda semana, quase não saio. Para mim, é muito mais legal que ir a uma balada e ficar ouvindo música. Eu gosto mais de fazer a música.



Agora - Afastou-se daquele mundo família, amigos de Campinas?



Junior - Eu, na verdade, não saio muito em Campinas. Estou curtindo mais as baladas de São Paulo. Isso aumentou o meu relacionamento com os fãs. Para eles, virei uma pessoa mais normal, eles me enxergam agora como o cara que eu sou realmente, mais tranqüilo. Quando eles vão a algum lugar onde estão Sandy e Junior, vão falar com ela, que não está aqui toda quarta. Virei carne de vaca.



Agora - Como foi para a Sandy esse período?



Junior - A gente conversa muito. O que fui vivendo, fui contando para ela. Eram coisas muito claras na minha cabeça. Ela fez o lance de jazz [Sandy montou um show solo com jazz e MPB], viu-se no palco pela primeira vez cantando um repertório diferente, sem a minha presença. E sem as pessoas gritando, que é uma coisa que a gente valoriza muito. Eu sou músico, não quero ficar pagando de gatinho, não é a minha praia. Nem a dela. Quando está todo mundo gritando, você fala: "Mas ninguém está ouvindo o que eu estou tocando". Hoje sou mais realizado como músico.



Agora - Você acha que a Sandy também mudou?



Junior - A gente mudou muito, todo mundo. A Sandy está com uma relação com a música muito bacana. Ela começou a estudar piano agora, está ouvindo uns sons muito bons. E está mais à vontade no palco. Ela está cada vez mais confiante.



Agora - Musicalmente, vocês gostam de coisas muito diferentes?



Junior - Jazz, MPB, é disso que ela mais gosta. Ela gosta de rock também, o que me tranqüiliza, porque eu sei que dá para a gente continuar fazendo o nosso som, e que ela vai estar curtindo. Hoje, nós temos mais maturidade para falar de música. Eu não faço nada de que não goste, nem ela. A gente encontra o denominador comum. As coisas que a gente está compondo para o novo álbum estão muito mais para o pop rock e para o rock. Tem umas coisas meio rock inglês e um pé no rock nacional. Estou muito mais ligado às letras. Nunca tinha feito letra, agora, comecei.



Agora - E as músicas falam do quê?



Junior - O repertório não está fechado, mas a gente continua falando de amor. Só que de uma maneira mais bacana. No último CD a gente já estava mudando. Foi uma pequena mudança.



Agora - Foi uma mudança bem sutil.



Junior - Bem sutil. Eu confesso que hoje em dia eu ouço e acho que tem uns erros ali. Já que está mudando, então muda! Mas é o meio do caminho, um primeiro passo.



Agora - Chegou uma hora em que vocês falaram: "Desse jeito não funciona mais para a gente"?



Junior - Isso sim! Não funciona mais para mim. Hoje em dia, eu quero fazer música que me satisfaça. Não consigo mais trabalhar por venda nem por dinheiro. É lógico que eu quero ter meu público, mas tenho necessidade de fazer o que eu quero. Essa mudança é minha necessidade e da minha irmã.



Agora - Você e a Sandy sempre negaram a separação. A longo prazo isso pode acontecer?



Junior - É difícil dizer, não dá para prever. Hoje, eu me enxergo cantando com a minha irmã, estou satisfeito com isso e sei que a gente consegue lidar muito bem com as diferenças. Na verdade, essas diferenças não fazem a gente dividir, elas somam. Hoje em dia, não quero me separar. Mas não posso dizer. Daqui a dez anos acontece algo...



Agora - Não seria natural investir mais nos projetos paralelos?



Junior - O meu já rola toda semana. A minha irmã fez duas noites de jazz em São Paulo e está para marcar mais. Eu acho fundamental, e, na verdade, aumentaram esse boatos justamente por causa disso.



Agora - E o CD novo? Por que esse intervalo tão grande entre um e outro?



Junior - É uma questão de correria, de shows. Mas acho que era o tempo para amadurecer e vir com algo novo. Acredito que a gente venha com algo bem legal, mais maduro. Estou investindo nesse trabalho.



Agora - Em que fase está o disco?



Junior - Estamos compondo e ouvindo coisas de outras pessoas. Tem um pessoal que trabalha com a gente, backing vocals da nossa banda, que fez umas músicas fantásticas. Na primeira vez em que eu ouvi, fiquei arrepiado.



Agora - Quando sai o CD?



Junior - Quando ficar pronto. Graças a Deus, sem prazo. Tinha de fazer com cuidado. Ouvir, levar para casa, digerir. Era para sair agora, mas a gente não quis ir correndo pro estúdio, fazer qualquer coisa.



Agora - E a carreira internacional?



Junior - Os caras estão querendo ver o que a gente está fazendo nesse CD novo e, se acharem que tem a cara do mercado internacional, querem lançar lá fora.