Fazendo o caminho inverso, de estrela de grandes palcos para trás da
bateria de uma pequena casa noturna de São Paulo, Junior Lima quer sair
da sombra de pop star e ser reconhecido como um músico.
Nessa última terça-feira, dia 23, Junior Lima ministrou um workshop na
Escola de Música & Tecnologia, na abertura do festival de Bateria.
Mostrou a técnica que vem aprendendo com seu estudo no instrumento e
depois apresentou quatro músicas com sua banda SoulFunk, que toca um
repertório de black music em uma badalada casa paulistana.
Confira a entrevista exclusiva que ele concedeu ao site CifraClub.
Conte a diferença que sente entre seu trabalho em Sandy & Junior e a SoulFunk?
São coisas muito diferentes. O trabalho que eu tenho com minha irmã é
muito técnico, todo mundo com earphone, click, passagem de som, banda
ensaiada e segura, tudo muito preciso. Na SoulFunk é um som mais solto,
tenho que lidar com imprevistos. Às vezes vem um músico convidado dar
canja. Mesmo sem conhecer bem a música eu tenho que atacar, não dá para
deixar o convidado numa fria. Tem horas que o retorno está horrível e os
músicos não podem parar.
Na noite, você tem que se adaptar a cada som e situações diferentes,
tudo isso te dá maturidade. A noite ensina coisas que você não aprende
tocando em estúdio ou em grandes produções.
Como a SoulFunk escolhe o repertório?
Tem que saber escolher bem o repertório, ver qual é o tipo de público
que freqüenta o lugar, para ficar uma noite bacana e badalada.
Qual o set de bateria que você usa para tocar com a SoulFunk?
Uso bateria Gretsch, com um bumbo de 22"x18". As caixas são 14"x4 ½" e
10"x5"½ e um surdo 16"x14". Um surdo de 16"x14". Os pratos são Hi Hat
Constantinople 14", um Dark Crash de 16", Splash 8", Ride custon medium
20", Custom crash 16", China 18". Eu uso as baquetas Vic Firth 5A.
Quando você começou tocar bateria?
A minha primeira bateria ganhei aos três anos de idade, mas toco bateria
a sério desde os 14 anos. Há um ano eu faço aula com um professor uma
vez por semana. Infelizmente eu não consigo estudar todo dia. Eu toco
uma vez por semana com a SoulFunk e estou sempre em turnê com Sandy
& Junior, fazendo um solo de bateria no meio do show. Para mim, a
SoulFunk é maior estudo porque tocando na noite você acaba entrando em
frias que tem que se virar.
Você está se apresentando com grandes músicos, como Davi Moraes, que
você deu uma canja na bateria, Frejat, Andreas Kisser. Como é essa
experiência?
Você aprende tocar com esses caras consagrados, chegando perto
descobrem-se alguns segredinhos. Acontece uma troca de informação
musical. É importante conviver com essas pessoas.
Quais assuntos você abordou no workshop ?
Toquei algumas coisas do Dave Weckl, que é um grande baterista das
antigas que eu gosto, e toquei com a SoulFunk. No final, rolou um solo
de bateria com meu professor. Procurei mostrar um pouco de groove, que é
o que me agrada nos bateras.
Quem são os bateristas que você admira?
David Weckl, Vinnie Colaiuta, Serginho Herval e Giba Favery, meu professor.
Você toca bateria e também guitarra. Dominar mais de um instrumento é importante?
A musicalidade é muito importante. Não adianta você estudar por horas
sem ter a música no coração. A bateria acrescenta muitas coisas,
principalmente a rítmica, o que ajuda na hora de cantar. Conhecer mais
de um instrumento só tem a acrescentar. Você começa ter uma visão mais
ampla da música.
Deixe sua mensagem para os músicos que acessam o CifraClub.
Se o que você quer para sua vida é seguir a carreira musical, invista,
vá a uma escola de música, tenha um bom professor, ouça grandes músicos,
porque não adianta ficar em casa sozinho e sonhando, tem que correr
atrás, dedicar horas de estudo, influenciar-se pelos grandes mestres de
cada instrumento.