26 de nov. de 2008

Junior Lima diz que se sente realizado como baterista da 9MA



Nas últimas temporadas de shows com a irmã, Sandy, Junior Lima fazia um set separado em que tocava guitarra, bateria e cantava, apontando para um trabalho solo voltado para o rock e a música negra, além de manter a banda Soul Funk. Depois do fim da dupla, Junior acabou com a Soul Funk e mergulhou numa nova banda, a 9 Mil Anjos, que para os critérios brasileiros, pode ser chamado de um supergrupo por reunir Champignon (baixo, ex-Charles Brown Jr.), Peu (guitarra, ex-Pitty), o próprio Junior na bateria e o vocalista Peri.
- Foi tudo muito natural, a gente acabou se encontrando na mesma sintonia, na idéia de fazer alguma coisa nova. O Champignon e o Peu participavam dos shows da Soul Funk no bar Na Mata, a gente foi se encontrando nos trampos, se falando até que nos juntamos - conta Junior por telefone de São Paulo antes de mais um ensaio.
Depois de anos na frente dos spotlights, Junior conta que abriu mão na boa de tocar guitarra e cantar para ficar na bateria porque os tambores e pratos foram seus primeiros instrumentos:
- Ganhei minha primeira bateria com três anos e preferi me concentrar nisso. É uma realização para mim, me sinto muito à vontade e muito livre porque todos participam dos arranjos, ninguém poda a criatividade de ninguém. Todo mundo se sente como se tocasse juntos há muito tempo - afirma ele.
Junior diz que a banda tem uma pegada de rock mas também passa pelo pop, além de outras influências, como o funk. A banda destoa do panorama recente de grupos que seguem a linha emo. O som vai para um lado que inclui desde influências clássicas, de Led Zeppelin, Helmet, Beatles (nos vocais) e rock dos anos 90. "Nossa existência é um contraponto a muita coisa que está aí," diz Peu.
A 9 mil Anjos, nome saído de um sonho de Peu, ensaiou sete meses apenas para que os componentes se entrosassem:
- Tinha dois quartos no fundo da casa do Peu a gente derrubou a parede no meio, fez uma vedação acústica e ficamos internados lá dentro numa de levar som. O Peu tem um acervo grande de música bem voltado para o rock com várias bandas de vários gêneros, eu também tenho e fomos ouvindo coisas e tocando.
Quando chegou a hora de compor para o disco, começaram uma verdadeira maratona:
- Foi um mês e meio direto. Fizemos 44 músicas para tirar as 12 do disco e chegou numa hora que tivemos que proibir composição porque não parava. Todo mundo ajudava a compor e arranjar e uma coisa legal é que todos sabem tocar os instrumentos dos outros, então rola uns toques.
A íntegra do disco está disponível no My Space e terá lançamento independente dentro do novo esquema de mercado que procura meios alternativos de distribuição, da internet ao físico. A sonoridade é um comercial bem feito de pop rock, mais para rock, com peso à custa de muitas guitarras de Peu e do entrosamento entre Junior e Champignon: em canções como "Vísionário" os dois mandam um groove enfezado que deve incendiar ao vivo. O disco tem uma garra resultante do processo de gravação, como conta Peu:
- Nós gravamos tocando todo mundo junto, foi valendo a vera. A gente ensaiou bastante, tivemos uma pré-produção bem amarrada e tocamos para mostrar a realidade da banda o mais possível. As dobras de guitarra e os vocais também foram feitos da maneira mais realista possível.
A gravação aconteceu no estúdio Phantom Vox de Los Angeles onde está uma mesa Neve 1972 usada pelo Nirvana para o álbum "In utero", uma forte influência emocional sobre a banda:
- Saber que meu som ia passar pelos canais em que passou a bateria do David Grohl foi uma maravilha. Um dos microfones foi usado pelo Johnny Cash - deslumbra-se Junior. E Peu entra na onda:
- Foi a coisa mais incrível saber que meus canais de guitarra iam passar por onde Kurt Cobain passou os dele. Tinha uma quantidade incrível de equipamentos, um violão Gibson de 1927 maravilhoso não pesava nem dois quilos. Usei uma telecaster marrom, muitos pedais e uma caixa Leslie - conta Peu.
A 9MA está em São Paulo se preparando para a turnê que começa em janeiro e deve correr todo o país. Junior conta que acompanha os sites de fãs e nota que está havendo uma convergência entre os que admiram cada integrante para formar um fã-clube do 9MA. O futuro está em aberto.
Fonte: O Globo