3 de jun. de 2010

Entrevistão Sandy: leia o que ficou de fora, Billboard Brasil


Na Billboard Brasil de maio, Sandy abriu o coração e finalmente comentou sobre a polêmica lua-de-mel com o marido e companheiro de composições Lucas Lima, disse que pratica boxe e assiste lutas de vale-tudo e comentou sobre a melancolia do primeiro disco solo. Agora, mostramos o que ficou de fora das páginas da revista: o novo corte de cabelo, Roberto Carlos, a influência da família no trabalho...
Confira abaixo as revelações da cantora, após, é claro, ler a entrevista publicada na Billboard Brasil.

Quais as diferenças entre compor com outros parceiros e com o Lucas?


Ah, é muito diferente. Sai de uma maneira mais natural. Eu não tenho muitas experiências de compor com outras pessoas. Fiz parceiras à distância, que eu escrevi a letra e depois recebi a música. Mas compor com o Lucas sai mais naturalmente. Estamos lá em casa e de repente ele puxa uma levada de violão e eu saio cantando uma melodia. Em “Pés Cansados”, foi assim.  Eu estava no nosso quarto e ele estava no estúdio. Ele acabou o trabalho e pegou o violão para tocar, à noite. Eu adoro compor à noite. Ele fez uma levada, achou interessante e me chamou: “Vem cá, vem ver”. Eu fui lá e achei bonito. Ele disse: “Então canta aí, qualquer coisa que vier na sua cabeça”. Ele começou a gravar e aí eu cantei e foi saindo uma melodia. Cantei um “nanana”, sempre é o “nanana”. [Risos] Na hora de nomear o arquivo, ele pensou “essa música tem cara de: pés cansados”. Foi a partir do título que eu fiz... A gente fez junto a letra. A gente se sente mais a vontade na hora de falar “ah, eu não gostei dessa parte”, “prefiro mudar isso”. Sempre fui assim também com meu irmão. É mais tranquilo.

Aos poucos, naturalmente vocês foram abandonando as músicas mais infantis. Lembra dessa transição?


Eu fui sentindo. Eu digo que foi um mico porque eu já tinha mais idade do que aquelas músicas eram apropriadas, mas faz parte da minha história. Na época eu ficava um pouquinho envergonhada de fazer a coreografia do “Dig Joy”, porque eu fazia “Vem brincar comigo” [repete a coreografia]. Eu já tinha 14 anos, não brincava mais. Você entendeu? Então na época era um pouquinho chato, mas hoje vejo como parte do caminho que me trouxe até aqui. Tenho orgulho, não tenho mágoa.

Até  que ponto a decisão de cortar o cabelo tem a ver com marcar uma nova fase?


Gosto de mudar um pouco o visual antes de um trabalho novo. Foi assim com o disco de 2006, o último de estúdio. Em 2007, eu estava com o cabelo comprido e loiro, como nunca havia tido. Eu acho que o visual é importante para uma mulher e principalmente para uma artista. Sempre tive medo de mudar e ficar feia. Ou não ficar tão bonita. O pessoal poderia não gostar muito. Por isso que demorei muito para cortar. Eu tinha vontade há nove anos. Eu queria desde que fiz o clipe “Enrosca”, em 2000, e usei peruca curtinha. E eu gostei de me ver assim. No programa que a gente tinha na Globo eu sempre tinha esse negócio de usar perucas, gostava de brincar com personagens. Mas nunca cortava. As mudanças que acontecem dentro da gente são reveladas no nosso exterior. Estava me sentindo mais segura, madura. Se ficasse feio, daria um jeito depois. Foi algo interno que me fez ter coragem de cortar o cabelo. Falando tudo isso, parece que é uma grande coisa, mas você para mulher é importante...

No documentário do disco, seu pai comentou que várias músicas começavam com piano. Ele te deu outros pitacos? E sua mãe?


Eles iam ao estúdio e na maior parte do tempo ficavam quietinhos. Minha mãe trabalha comigo, é profissional, mas também é muito mãe. Então às vezes ela olhava para mim e dizia: “Ai, tô arrepiada”. [risos] Mas é bom isso, pessoas próximas expressarem a emoção. Os dois têm uma visão crítica. Mas meu pai tem elementos mais teóricos. Minha mãe usa mais a intuição. Às vezes ele faz perguntas mais técnicas. É ótimo. Tem opinião que eu acato, e outras que não.

Como conheceu o Fernando Andrade? Como foi o convite para ele dirigir o documentário?


A gente tem uma longa história: é amigo há 11 anos, mas perdemos o contato, nos encontramos em 2006. Ele dirigiu com o meu irmão o clipe de "Estranho Jeito De Amar", era um curta-metragem. Daí nunca mais nos distanciamos. Ele adorou a ideia. Ao fazer o documentário, não pensei em outra pessoa. Eu estava disposta a revelar mais do que eu costumo, porque este disco é revelador. Eu me senti segura o suficiente para entregar essas coisas para o público. Eu me senti segura o suficiente para entregar coisas que eu não tinha entregado, ou entregue? Ah, esse particípio passivo, ativo... Aí eu pensei que seria mais fácil se eu tivesse alguém da minha confiança para filmar. Depois de tantos anos, eu ainda não me sinto à vontade com as pessoas me filmando, tirando fotos, olhando para mim.

Como foi participar do Programa Roberto Carlos, em 1993, e depois voltar a estar num projeto dele, com “Elas cantam Roberto”?


Eu tinha aquele sonhozinho de ter participado cantando “Splish Splash”. Ele sempre apoiou nosso trabalho, achava bacana... Ele é amigo do meu pai, eu gosto muito da pessoa dele e percebo que ele gosta de mim e da minha família toda. Eu tenho esse carinho especial por ele, admirava claro, ele é o rei. Daí quando ele fez o convite para o primeiro especial da comemoração dos 50 anos de carreira. Eu me senti honradíssima. Eu pedi para parar tudo. Eu não estava cantando, não estava aceitando convites. Mas esse eu tinha que aceitar... O produtor musical, Guto Graça Melo, deu umas sugestões de música para eu escolher. Uma delas era "As Canções Que Você Fez Para Mim". Não sabia pensar, mas estava na minha memória, lembrava da Bethânia. Aprendia a música rapidinho e foi uma noite especial. Eu fiquei tão nervosa. Mas foi um nervosismo que por um lado fez com que eu cantasse com uma emoção que acabei transmitindo. Você estar nervosa em uma apresentação só atrapalha, mas neste caso me ajudou.

Ainda falando em nervosismo, qual dueto te deixou mais nervosa?


Foi o Caetano. Nem tem comparação o nervosismo que eu fiquei de cantar com ele do que o que eu cantei com o Enrique Inglesias e com o Andrea Bocceli. Com o Bocceli eu tinha 15 anos, eu tinha acabado de conhecer. Sabia que era um artista internacional, mas nunca fui muito deslumbrada com essas coisas. No Brasil ele ainda estava chegando... A pouca idade também faz com que às vezes não caia a ficha. Quando fui cantar com Caetano, eu tinha 21 anos, aí eu já estava em mim. Já sabia o tamanho do que estava fazendo. Fiquei muito nervosa, mas ele me deixa à vontade é um gentleman. É generoso no palco, um doce, meio tímido. Ai, foi muito legal.

Como ícone da infância e adolescência de milhões de brasileiros, como você vê a safra atual de estrelas jovens como Hannah Montanna, RBD, HSM, Justin Bieber, Isa TKM?


Eu tenho que ser bem sincera e é uma falha da minha parte, mas eu não sou muito informada sobre isso. Eu não conheço o trabalho. Eu já vi, lógico, os clipes da Miley Cyrus, porque eu não estou fora do mundo. Mas eu não ouvi o disco, não sei até que ponto essas pessoas cantam bem ao vivo, o quanto são de verdade e o quanto são construídas. Mas eu acho que é válido, é bacana os adolescentes terem seus ídolos, os artistas com os quais se identificam. Eu já fui dessa geração e tem espaço para todo mundo. Se estão fazendo sucesso, no mínimo tempos que respeitar.

Sei que você  teve aulas particulares durante a Faculdade (Puc-Campinas). Mesmo assim, tem contato com alunos e professores... Ainda tem amigos que conheceu na faculdade?


Durante dois meses e meio, no último semestre, eu tive aulas particulares numa matéria que eu tinha trancado. Para não ter que continuar depois, escolhi fazer essa classe especial. Oferecem para qualquer aluno. Como não tinha ninguém para essa classe, acabei fazendo sozinha. Foi o maior privilégio da minha vida acadêmica. Imagina ter uma das melhores professoras de literatura que eu já conheci, Tereza Moraes, tendo duas horas para se dedicar só a mim. Respondia todas as perguntas. Foi precioso, sabe? Foi uma troca incrível. Eu li com ela Macunaíma inteiro, com ela explicando, falando das expressões. Imagino que poucos alunos tiveram a chance de compreender. Foi incrível. Fiz a faculdade porque eu quis, para me realizar como pessoa. Eu escolhi simplesmente por prazer e satisfação. Foram quatro anos maravilhosos de aprendizado. Adquiri amigas, converso com elas, mas não vejo muito, infelizmente. Também mantive contato com três professoras. Fui menos sociável do que na escola, porque faculdade tem outro ritmo, é diferente.

Vi recentemente você  dando replies no Twitter para Fernanda Paes Leme e Wagner Santisteban. O Junior está fazendo a trilha do programa do Mion... É natural manter esse contato?


O programa durou quatro anos e é muito louco porque faz mais tempo que o programa acabou do que o tanto que ele durou. Só que parece que foi predominante na minha vida, foram anos tão intensos que parece que durou mais. E não parece que já faz sete anos e meio que terminou. A gente mantém contato com algumas pessoas e tenho retomado contato com algumas e outras continuei vendo nos bastidores, Fernanda Paes Leme, Wagner Santisteban, Douglas Aguilar... Essa afinidade não vai ter fim. É tipo uma turma de faculdade, com a qual você conviveu mais do que seu namorado, sua mãe... Quase morávamos juntos.