13 de out. de 2020

Com novo EP, Sandy ecoa “grito” de reflexão em meio ao caos da pandemia

Sandy lança, nesta quarta-feira (14), seu novo EP, ’10:39′. Disco traz três músicas e é um grito da cantora na pandemia. Ouça o EP e veja os clipes.

A pandemia do novo coronavírus despertou em muita gente a necessidade de falar, de mostrar que, por pior que as coisas estejam, vamos passar por tudo isso. E é nessa pegada que chega, nesta quarta-feira (14), a cantora Sandy, que lança seu novo EP, intitulado 10:39. O projeto foi a forma encontrada por Sandy de trazer uma mensagem para esse momento.

O disco de Sandy tem três músicas, todas regravações, que saem a partir da meia-noite nas plataformas digitais. Além da versão das plataformas, o EP 10:39 vem acompanhado de três clipes que se completam e concluem a ideia de trazer uma mensagem. Os vídeos vão ser lançados às 11h desta quarta-feira, no canal do YouTube da cantora.

Sandy contou que o projeto foi idealizado durante a quarentena. “Pela necessidade que eu sentia de me expressar com relação a tudo isso. O que está acontecendo no mundo muda o nosso olhar e comecei a escutar muitas músicas de um jeito que eu ainda não tinha ouvido”.

“Senti que tudo que eu falasse nesse momento corria o risco de cair no clichê ou de não ser o suficiente. Mas encontrei nessas músicas aquilo que eu queria dizer”, disse Sandy.

 

Pegada musical diferente do que Sandy fazia na carreira solo

O EP 10:39 de Sandy vem com uma sonoridade diferente do que os fãs já estavam acostumados a ouvir ao longo dos dez anos de carreira solo da cantora. Apesar disso, Sandy disse que foi proposital, uma licença poética a qual ela mesma se permitiu dar.

“Assim como é um momento diferente, senti a liberdade de fazer uma licença poética no meu trabalho. Aí vieram esses arranjos, que são diferentes do que eu fazia na minha carreira solo. Senti que, assim como a pandemia é uma exceção na nossa vida, esse EP também poderia ser como uma exceção ou como uma licença poética”.

Sobre o que vai ser daqui para a frente, com relação a essa nova sonoridade em seus novos projetos após o EP, Sandy destaca não saber. “Não sei se vou continuar nessa onda, mas me identifiquei muito. Não sei se vou me identificar só nesse momento ou se vai ser alguma coisa que vai perdurar, mas se eu pudesse me traduzir em forma de música seria isso, com essa cara, com esses arranjos, esse jeito de cantar, essa maneira de olhar”, explicou a cantora.

 

Foto: Reprodução/Universal Music

Pandemia mudou seu jeito de enxergar as coisas, afirma Sandy

Vivenciar todo o sofrimento provocado pela pandemia afetou, sim, a forma com que Sandy entendia muita coisa, inclusive a si mesma, e isso refletiu diretamente em seu novo trabalho. “Sinto que muita coisa mudou dentro de mim, mas não só em mim, nas pessoas de modo geral. Quem tá ligado, vivendo esse momento, não passa sem sentir algumas coisas, sem olhar diferente para outras”.

“Eu senti que era um momento de livre expressão, porque eu entendo que esse momento é uma coisa muito diferente do que a gente já experimentou em qualquer época da nossa vida, afinal a gente nunca passou por uma pandemia. Tem sido tudo novo, ainda estamos descobrindo como viver. Nesse processo de redescobrir certas coisas, de me adequar, como olhar para dentro e olhar para a minha família de uma maneira diferente, isso trouxe também essa vontade de não deixar. Eu quis aprofundar os meus sentimentos em relação a isso“.

Foto: Reprodução/Universal Music.

Novo EP de Sandy: três músicas numa só mensagem

10:39, o novo EP de Sandy, traz três músicas: Piloto Automático, da banda Supercombo; Lua Cheia, da banda 5 a Seco e Tempo, música da própria Sandy. As canções, juntas, formam uma mensagem com começo, meio e fim. Com a ideia de que as coisas vão, sim, melhorar depois que tudo isso passar.

Sandy buscou em músicas que ela já conhecia a mensagem que queria passar. Mas encontrou tudo isso de um jeito diferente. “Sempre coloco música para fazer tudo, até para tomar banho. Num desses dias, estava tocando o disco da 5 a Seco, que eu amo. Quando ouvi a música, ouvi diferente”.

“Essa música sempre me emocionou, sempre cantei junto, mas comecei a me arrepiar, começou a vir lágrima nos olhos. Lucas estava comigo, chamei ele para ouvir e eu falei que eu precisava fazer alguma coisa com essa música“.

Foto: Reprodução/Universal Music.

A música, Lua Cheia, fala basicamente sobre empatia. “E acho que o que está faltando é isso: olhar mais amoroso para quem está ao nosso redor, de termos empatia, de saber que mesmo que aquela pessoa esteja agindo de maneira ignorante, é olhar e pensar que é uma dificuldade que essa pessoa tem”.

Não sair criticando, vomitando ofensas, na internet principalmente porque as pessoas se sentem protegidas pensando que estão no anonimato. A gente tem que ter empatia e olhar amoroso e não segurar quando alguém te fez algo bom também, nem que seja uma comida que alguém te fez ou um sorriso que te deu. Enfeite o dia das pessoas. Essa mensagem é importante nesse momento em que a gente vê muito ódio e pouco amor”.

Tempo, a única música do projeto que foi resgatada do repertório de Sandy, tem uma mensagem muito forte. A letra basicamente fala sobre tudo ser passageiro em nossas vidas, da alegria às tristezas. E foi a canção escolhida para fechar o material, depois que Sandy cantou em uma de suas lives e percebeu a força da mensagem.

“Eu vi que ela tinha uma mensagem muito válida para esse momento e me emocionei. Comecei a ler essa música de uma maneira mais diferente mesmo”.

Sandy convidou o músico Mateus Asato, que fez o arranjo dele para essa canção, na época em que usou para a live. “Ele fez, ficou lindo, fiquei emocionada e depois disponibilizei na internet o vídeo. Na hora de conceber o EP, imaginei que seria ideal e aproveitei esse arranjo do Mateus e fizemos tudo em cima”.

 Essa música, para Sandy, tem um significado enorme. “Porque soa atemporal. Em vários momentos que tive pessoas próximas, amigos, familiares, que passaram por momentos difíceis, ofereci essa música. Ela vem de dentro da alma, é uma mensagem atemporal até pra mim. Gosto de escutar, porque traz uma mensagem de otimismo e resiliência, queria dizer isso às pessoas”.

Foto: Reprodução/Universal Music.

Três clipes, mas que se conectam e formam um só

O projeto, que pode ser considerado como um respiro de Sandy enquanto paralisou suas atividades na pandemia, é audiovisual. As três músicas trazem consigo três clipes, que a cantora contou terem sido feitos com a ideia de serem assistidos juntos.

Fiz com a intenção que as pessoas vissem os três clipes juntos. Adoraria que as pessoas vissem e escutassem as músicas assim. O disco, inclusive, se chama 10:39 por causa do tempo que dura, porque é uma coisa só, é uma unidade“.

Foram duas tardes de gravações, num haras onde trabalha um amigo de infância de Sandy. Dois clipes num dia e o terceiro no outro. “Foi tudo rápido, agilizado. As músicas também foram rápidas, botei voz em dois dias, embora o tempo de produção tenha sido um pouco maior, mas foi feito tudo em casa mesmo, no estúdio que tem em casa”.

Os vídeos foram feitos numa área externa não só para seguir a ideia da mensagem, mas também por conta da pandemia. “Eu quis filmar numa área externa para poder estar mais segura e botar minha equipe num local mais seguro, apesar de estar todo mundo testado e ser uma equipe reduzida”.


 Quem ouvir as músicas e assistir aos clipes na sequência vai perceber um verdadeiro “grito” de Sandy ecoando ao longo do projeto, como se ela estivesse realmente gritando às pessoas que as coisas vão melhorar. “Foi mesmo como uma catarse. Eu sinto estes três clipes como uma catarse. Eles fazem um desenho do que está sendo a pandemia para mim. Me descobri naquilo tudo. O clipe final, de Tempo, traz uma mensagem de esperança. A gente viveu isso, estamos passando por isso, é real, é difícil, mas vai passar“. 

“O meu grito é para dizer que vamos enfrentar e vamos sair disso”.

Foto: Reprodução/Universal Music.

Em 2021 vem mais Sandy por aí: turnê e músicas inéditas

Esse projeto não é o que Sandy tinha imaginado para este ano. A cantora, que viveu em 2019 a turnê Nossa História, resgatando o sucesso da carreira em dupla com Junior Lima, tinha outros planos para 2020. “Ía lançar uma turnê, que iria começar em agosto. Confesso que foi triste. No ano passado todo fiquei no projeto Sandy & Junior, me doei para aquilo, mas estava muito ansiosa para voltar para a minha carreira solo”.

Durante a pandemia, ao ver que seus projetos teriam que ser pausados, Sandy sentiu a necessidade de ainda assim trazer algo aos fãs. “Senti necessidade de fazer alguma coisa e eu sabia que não seria aquele projeto de retomada da carreira solo. Nas circunstâncias que estamos, já que ele é o projeto do momento em que faço dez anos de carreira, ele pode ser encarado como um projeto especial, simbólico. Ele é muito eu, me representa“.

“Eu não queria passar um ano inteiro sem trazer coisa nova para as pessoas. No começo achávamos que ia durar pouco, depois fomos entendendo que não seria tão fácil como imaginávamos. No meio da frustração eu comecei a pensar o que eu queria fazer“.

O projeto que Sandy teria para esse ano era atrelado a turnê, então ela apenas adiou. “Transferi para o ano que vem. Pretendo fazer tudo igual, talvez até um pouco antes, não em agosto, como seria esse ano. Pretendia lançar músicas inéditas, mas isso está suspenso e não quero revelar muita coisa já que é um projeto para o ano que vem. Mas essa foi a minha maneira de me expressar artisticamente e de dar alguma coisa para os meus fãs e colocar a carreira para andar”.

Foto: Reprodução/Instagram.