21 de ago. de 2005

Jornal Extra: Brilho Próprio

Brilho Próprio!

O cantor cresceu e apareceu. Hoje, faz cada vez mais shows sem Sandy e tem seu talento reconhecido no meio musical.

Este é o ano de Junior. Apesar de vir há tempos ensaiando um vôo solo em sua carreira - utilizando os shows com Sandy para mostrar seu dom como instrumentista - agora o grande público percebeu que o filho de Xororó e Noely cresceu e apareceu. Ele hoje é conhecido como o multiinstrumentista Junior Lima e o adjetivo lhe rendeu este ano um Prêmio Multishow. "Já fui indicado à categoria Melhor Instrumentista três vezes e nunca esperei ganhar. Disputei com feras, músicos das antigas. Como falei no discurso não me acho merecedor e, por isso vou guardar o prêmio no armário e estudar muito para um dia falar: 'Agora eu mereço'. Brinco com essa coisa de me chamarem de 'multiinstrumentista', porque não é bem assim. Toco alguma coisa mas acho que deveria me dedicar mais.", diz Junior.
Nem precisa. Enquanto Sandy se dedica ao segundo período da faculdade de Letras, seu irmão só pensa em tocar bateria com a banda Soul Funk, na escola de música que frequenta e na possibilidade de fazer cursos fora do Brasil:
"Já quis fazer faculdade, mas agora penso em me aprimorar na escola de música e, um dia, fazer cursos fora. Não tenho diploma, mas meu currículo é atuar na área hà muitos anos. A Sandy está começando a tocar agora. O bichinho do instrumento a mordeu a pouco tempo e ela está apaixonada. Fica horas no piano.
Com a banda Soul Funk, Junior tem aprendido muita coisa. Ele descobriu que fazer o caminho inverso é importante para conseguir experiência.
"Eu queria, além de ser cantor, tocar bateria, meu instrumento preferido. Comecei no palco grande e agora estou no pequeno. Preciso passar por isso para ter mais jogo de cintura. Depois que comecei a tocar com a banda, entrei em cada fria... Já tive que tocar músicas que não conhecia em números de improviso. Se pedem um frevo, você tem que tocar", conta, rindo.
Com Milton Guedes (vocal e sax), Guilherme Fonseca (guitarra), Erik Escobar (teclado), DJ Tubarão (percussão) e Dudinha (baixo), o baterista Junior Lima se apresenta toda quarta-feira num bar de São Paulo. O estilo black music atrai curiosos e amantes da música.
"Fazemos arranjos diferentes para as músicas e misturamos Justin Timberlake com Tim Maia e Black Eyes Peas com Roberto Carlos, umas coisas bizarras que ficam superlegais. Já teve fã que só ia para tietar, mas isso diminuiu. Não quero ficar pagando uma de gatinho. Quero que gostem da minha música.", desabafa.
Nos shows, vira e mexe rola uma canja. Cláudio Zoli está lá toda quarta-feira. O rapper Cabal (do Motirô), Jair Oliveira, Wilson Simoninha e o pessoal do Jota Quest já subiram ao palco com a Soul Funk:
"Sandy já participou do show duas vezes, outro dia ela perguntou quem ía dar canja, eu falei que não sabia e ela disse: 'Eu Vou'. Subiu no palco e cantou 'Malandragem', da Cássia Eller, 'It´s my life', da banda No Doubt, e 'Boa Noite', de Djavan.

Junior desconversa sobre o fim

Apesar do sucesso de seu novo projeto, Junior diz que seu trabalho com Sandy vai bem, obrigado. A dupla tem contrato com a gravadora para lançar pelo menos mais um CD e continua fazendo shows pelo Brasil. Hoje os irmãos se apresentam na Universidade do Chopp, em Nova Iguaçu. E no dia 4 de setembro em Niterói.
"No show tocamos músicas do álbum 'Identidade', e sucessos antigos com novos arranjos. Passamos pela adolescência e nossa música se transformou. Já não temos balé e eu toco guitarra o show todo.
Sua mãe teria dito a uma amiga que Sandy e Junior seguiriam carreiras solos. Junior é político ao comentar a situação.
"Sempre tem um amigo próximo da família que fala alguma coisa, mas nunca dizem o nome dele. Acho que quando a gente nasceu falaram: 'Ih, a Sandy vai se separar do irmão'. E já estamos completando 15 anos. A gente já aprendeu a lidar com isso.
Junior que agora é diretor musical dos show da dupla, conta que o próximo CD já está sendo pensado:
"A gente está compondo direto para o repertório do próximo disco. Produzi 'Identidade' e quero me dedicar a isso também.
Junior tem aparecido em shows de artistas já consagrados muito tem se falado sobre seu talento. Com Davi Moraes deu uma de multiinstrumentista, tocando guitarra, bateria e percussão. Andrea Kisser, da banda Sepultura e Wilson Sideral foram acompanhados pela guitarra do irmão de Sandy. Ele se gaba de ter sido elogiado por Lenine, com quem tocou guitarra e bateria.
"Fui ensaiar com Lenine para fazer uma participação num show do Circo Voador e, quando acabou ele disse: 'Eu sabia que você era curioso e que não ía me decepcionar. Este menino é muito bom'. Eu fiquei muito feliz porque o admiro muito.", conta.

Ele quebrava abajur

Mas quem pensa que Junior começou a tocar a pouco tempo muito se engana. Nos shows com Sandy ele assumiu a guitarra aos 13 anos e a bateria, aos 14. Mas foi aos 3 anos de idade que ganhou seu primeiro instrumento:
"Bateria sempre foi minha paixão, porque sempre tive ritmo. Ia aos shows do meu pai e ficava entre o percussionista e o baterista, tocando no pratinho com a baqueta. Para azar dos meus pais, um baterista, na época, me deu um par de baquetas. Comecei a tocar no sofá e acabei no abajur de casa. Depois do terceiro que quebrei, eles falam: 'Vamos parar de comprar abajur e vamos comprar uma bateria'. E meu pai mandou fazer uma para o meu tamanho."
De lá pra cá, ele foi se aperfeiçoando. pegou no violão, no piano, mudou de professor algumas vezes e descobriu que seu negócio era aprender sozinho:
"Quando nos mudamos, há seis anos, compramos um piano. Uma vez fui escondido na sala e comecei a passar as notas do violão para o piano. Toquei uma música de Lionel Ritchie para a Sandy cantar. Quando meus pais viram, foi aquela choradeira. Costumo ensaiar escondido, para mostrar depois. Meus pais ficam orgulhosos."