O
texto foi escrito por Yashá Gallazzi para um blog, que comenta e opina
sobre um dos episódios em que a opinião de Sandy não foi bem-aceita no
twitter.
Não
sou um “tuiteiro” profissional. Pelo contrário: comecei a usar o tal
“mini blogger” há bem pouco tempo e ainda estou longe de dominar seus
recursos. Na verdade, acho que o problema é a minha prolixidade, que
definitivamente não combina com os escassos 140 toques permitidos pela
“geringonça”. Mas por que falar do Twitter? Bom, eu não sou, como dito,
um profissional. Mas nem precisaria sê-lo para acompanhar o
linchamento virtual que foi promovido contra a Sandy – a cantora – há poucos dias.
Caso
não saibam, a moça – ou melhor, senhora – achou por bem expor sua
crítica a um eventual terceiro mandato de Lula, aquele mesmo que sempre
falou em defesa da ética, mas que, hoje, se dedica a defender Sarney,
Calheiros e Collor. Sandy, que entende mais de democracia do que muito
intelectual brasileiro refém do marxismo bocó, explicou por que um
terceiro mandato deve ser repelido, inclusive propondo um pequeno
exercício de comparação com as legislações de outros países.
Simplificando,
ela poderia ser convidada a ministrar um curso rápido aos petistas,
principalmente aos mais gabaritados, como a dona Dilma e o Celso
Amorim, por exemplo. Aquela, sabemos, é uma ex-terrorista, enquanto que
este último sempre mostrou muita desenvoltura ao apoiar ditadores dos
mais perversos. De democracia, está posto, essa gente nunca gostou.
Depois
que Sandy resolveu defender a democracia, a patrulha petralha e
lulista caiu matando sobre a coitada. Sim, entre a democracia e Lula,
eles ficam com Lula. Afinal, ambos são claramente incompatíveis. Assim,
não é de causar estranhamento que a mesma canalha capaz de apoiar o
“mico mandante” Chávez, também consiga defender de forma tão
aborrecidamente enfadonha a permanência de Lula no poder. O que me
surpreende é ver que eles não se contentam em expressar seu ódio à
democracia. Vão além: atacam pessoalmente qualquer um que tente
defendê-la. Eis aí outro emblema desse grupo: sempre se dizem
favoráveis a “um bom debate”, desde que todos os debatedores
defendam as ideias que lhes forem mais favoráveis. Enfrentar o
contraditório e a crítica, sabemos, é algo inimaginável.
Assim,
Sandy tornou-se a Geni da internet brasileira, apanhando e recebendo
pedradas de todos os lados. A máquina de difamação montada pelo petismo
é muito eficaz e, em questão de horas, a página inicial da moça no “Twitter”
estava tomada por ataques bestiais, escritos invariavelmente naquela
língua que se assemelha apenas um pouco com o português. Aliás, essa é
mais uma característica dos que cito: eles simplesmente não aprendem a
manejar as palavras. São incompatíveis com a gramática da mesma forma
como o são com a democracia.
O
curioso é que muitos dos que atacaram Sandy o fizeram alegando que ela
não teria gabarito para falar sobre política e democracia, afinal,
seria “apenas uma cantora”. Hum… Digam-me se não é o “duplipensar” dos petralhas em evidência! Eu pergunto:
se a Sandy não pode palpitar sobre a política, por que o Chico Buarque
pode? Sim, segundo os fãs de Lula, o famoso cantor não só pode como
deve falar tudo o que pensa acerca do tema. Na verdade, Chico nem é
mais tratado apenas como artista. Já se tornou um verdadeiro
intelectual da política brasileira.
O
ponto aqui é bem simples: Sandy é atacada porque sua voz destoa
daquela bradada pela manada ensandecida que serve de base de
sustentação para o lulismo. Já Chico, por sua vez, defende a mesma
“causa” dessa gente abespinhada, razão por que é sempre ouvido como se
fosse um lumiar da sabedoria progressista.
Na
cabeça doentia dessa gente, Sandy é a direita reacionária e
preconceituosa. É a classe média burguesa que se ocupa de atacar o
presidente “dozoperário” e “dozoprimido”. Já Chico é o visionário! O
gênio! Aquele que soube driblar a censura dos militares, camuflando
supostas odes revolucionárias dentro de sambas de qualidade poética
bastante duvidosa. Não deixa de ser engraçado perceber que os críticos
de Sandy, capazes de censurar a produção musical da moça (o que é “Vâmo
pulá”?), são os mesmos que ouvem coisas como “A Banda” com lágrimas
nos olhos, acreditando piamente que se trata de um ato de resistência
contra o império capitalista opressor.
Eis
o retrato mais fiel do deplorável momento político que vive o Brasil.
Quem defende a democracia e o sistema de liberdades individuais é
atacado sem piedade. E quem é o algoz? A mesma gente que se junta para
louvar os feitos de Lula, Chávez, Correa e tantos outros gorilas que
buscam, dia após dia, solapar aquela mesma democracia. Vida longa a Sandy!
* Yashá Gallazzi é colunista do Perspectiva Política às sextas e editor do blog Construindo o Pensamento
Fonte: Perspectiva Politica