DULCE ROSELL
Da Redação
Rogério Cassimiro/UOL
|
Cerca de 300 pessoas estão acomodadas numa espécie de arquibancada que cerca um palco térreo. Painéis com o logo da atração enfeitam as paredes e um telão gigante mostra as pessoas entrando. Logo, a personalidade mais esperada chega: Serginho, como é chamado pelos "teenagers", entra de camisa polo de manga longa, calça preta e é aplaudido. Ele brinca com todos, ganha presentes, pergunta os nomes e descobre que muitos vêm de longe --da Bahia, do Espírito Santo, do interior de São Paulo. Minutos depois, sem a atração começar a ser gravada de fato ainda, todos cantam "Parabéns a Você".
Ao lado do maestro João Carlos Martins, Serginho Groisman agradece público e músicos pela participação no programa "Altas Horas" (1/07/2010)
A Orquestra Filarmônica Bachiana Sesi-SP, acompanhada de seu maestro, João Carlos Martins, e do regente assistente Sergei Eleazar de Carvalho, chega ao palco do programa. Os jovens ali sentadinhos parecem não entender a preciosidade de tudo aquilo, mas Serginho avisa: os músicos que vão cantar no programa serão acompanhados pela orquestra, que tem 33 membros. Às 17h53, as luzes abaixam, a banda só de mulheres chamada também "Altas Horas" começa a tocar e o programa finalmente tem início.
A orquestra acompanhou 13 artistas durante a tarde de gravação do "Altas Horas", num programa que não deu espaço para o famoso "Fala Garoto!" de Serginho Groisman, devido à escassez de tempo. Durante praticamente três horas de gravação, passaram pelo palco de Groisman os músicos Dudu Nobre, Sandy, Maria Gadú, Pitty, Ed Motta, Arnaldo Antunes, Cesar Menotti e Fabiano, Rogério Flausino, Fernanda Takai, Chitãozinho e Xororó e Milton Nascimento. Com exceção de Milton Nascimento e Arnaldo Antunes, cada músico cantou apenas uma canção no programa.
Para finalizar, o maestro João Carlos Martins, ao lado da Orquestra Bachiana Filarmônica, terminou o programa com “Cinema Paradiso”, de Enio Morricone. Serginho contou durante entrevista, logo após o fim da gravação, que a ideia de gravar algo assim, neste formato, com orquestra e cantores pop, já era antiga. "Era uma ideia minha juntar tudo isso e a produção do programa aproveitou a ideia muito bem." O apresentador disse ainda que essa junção de canções e ritmos diferentes assistidas por cerca de 300 jovens, foi uma lição. "As pessoas, especialmente os mais novos, não têm um ouvido generoso para música erudita ou instrumental. E hoje vimos que isso é possível, existe uma abertura", afirmou.
O jornalista e apresentador contou ainda que não assiste a programas para jovens e que não é preciso se vestir, falar ou mesmo ouvir o mesmo que eles para conseguir se comunicar. "As pessoas dessa faixa de idade são autênticas, eles perguntam o que querem, do jeito que querem, pois não têm compromisso com chefes e ninguém. Por isso gosto de fazer programa para eles, mas de forma inteligente. Não preciso bancar o garoto para me aproximar", completa. Serginho afirmou ainda que não assiste à muita TV e que no Brasil as pessoas baseiam seu aprendizado na "telinha". "As pessoas veem televisão demais no Brasil e acham que adquirem conhecimento. Sim, você aprende vendo programas, mas só se antes você já tiver lido, estudado a respeito. Senão, você aprendeu pouco, ou só uma parte", disse.