RIO - Lily Allen conquista por sua verdade. No palco, ela é o que é:
maluquinha, sexy, divertida, ótima cantora, nada daquelas coisinhas
pré-fabricadas que tanto vemos por aí. Por isso, o show que ela fez
quinta à noite na Arena de Jacarepaguá foi sincero. E muito bom.
Em cena, com um vestido fino de alça que a moldava como um misto de diva
antiga e bonequinha havaiana (e cuja transparência nos deixava ver sua
calçola por baixo), Lily veio, viu e venceu. Abriu a noite com
"Everyone's at it", a primeira faixa de seu novo disco, "It's not me,
it's you", que foi tocado quase na íntegra e, pelo visto, a plateia que
estava lá gosta mais deste do que do anterior, já que as músicas novas
tinham maior receptividade.
Bebendo algo que parecia gin tônica e fumando cigarro eletrônico ("mas
eu prefiro erva, tem alguém fumando aqui, o cheiro é booom", disse em
certa altura), Lily foi se embriagando à medida em que o show corria,
mas não a ponto de esquecer as letras, como fez da primeira vez no
Brasil, num festival em São Paulo, há dois anos. Tanto que, numa hora
lá, foi agitar a plateia e mandou um, "Vamos lá, São Pa-Rio!",
corrigindo a tempo. :-)
Comandando sua ótima banda e remixando algumas músicas ao vivo, foi
bacana ver "Oh, my god", dos Kaiser Chiefs, de repente virar "Everything
is just wonderful", do mesmo modo que foi impactante sentir o hit
"Smile" se transformar num drum and bass dos infernos em sua metade; e,
na reta final, após uma citação ao hit "Day & nite", de Kid Cudi,
ela atacar com uma versão electro para " Womanizer ", de Britney
Spears. Dez!
E, mesmo enrolada numa bandeira do Brasil a certa altura, Lily não fez
média, dizendo que vai guardá-la até a próxima Copa, quando vai torcer
pela Inglaterra, "Afinal, nós inventamos o futebol", disse a
provocadora, que enquanto cantava o verso de "The fear" , no qual diz
que não é santa, nem pecadora, levantou a saia e nos mostrou rapidamente
sua calçola. E riu.
E só ela mesmo para fazer uma plateia gritar alegremente em uníssono
"Fuck you" (dando dedo e tudo), seu novo single, uma canção contra a
intolerância e preconceito, já na reta final (quando apareceu de
shortinho jeans), antes de encerrar com o seu country "Not fair", que
ela subverteu e transformou num dance quentíssimo antes de dar boa
noite.
A Sandy precisa conhecer Lily Allen...
Tom Leão
Fonte: O Globo/ Cultura