Na trilha de Péricles Cavalcanti
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Revista Trópicos: O que há de bom e o que há de ruim?
Péricles *: Gosto de muitas coisas que têm sido feitas por novos
artistas, ultimamente, além das já citadas anteriormente aqui em nossa
conversa. Vou citar algumas delas. Gosto de Vanessa da Matta. Acho que
ela canta bem, é linda no palco, e compõe com uma espécie de estranheza
que soa, ao mesmo tempo, primitiva e sofisticada.
Gosto de Los Hermanos. Acho o “Bloco do eu sozinho” lindíssimo, um disco
de banda como não se ouvia desde aqueles de Chico Science e Nação
Zumbi, ou “Severino” dos Paralamas, ou “Tudo ao mesmo tempo agora” dos
Titãs.
Gosto de muito do que se faz com rap e hip hop. Adoro os Racionais e a
gravação que eles fizeram de “Da ponte para cá” (no disco “Nada como um
dia após o outro”). Adoro funk carioca, o “batidão” e o fluminense “De
leve”, com seu “estilo foda-se” 1.
Gosto de Pitty, acho que ela tem muito “pique”, com se dizia nos anos
70. Baiano sabe fazer rock 'n' roll, basta lembrar Raul Seixas e o
Camisa de Vênus. Gravei no “Blues 55” uma música que eu adoro, chamada
“O cantor de jazz”, do repertório de um grupo de rock baiano, Dr.
Cascadura.
Gosto do disco “Cabeça Coração” de Arícia Mess, que o Lenine, do
maravilhoso “O dia em que faremos contato”, me apresentou. Acho a
produção musical do disco de Arícia, moderna e impecável.
Gosto da produção musical do grupo composto por Moreno Veloso, Domênico
Lancelotti, Pedro Sá e Kassin (entre outros), Acho o disco de Moreno +
dois, “Máquina de escrever música”, lindo. Acho também que Kassin
produziu um dos melhores discos lançados recentemente: “Eu não peço
desculpa”, de Caetano e Mautner. E acho que Ivete Sangalo e Sandy são
cantoras extraordinárias.
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Fonte: Revista Tropicos, Outubro de 2004
* Pericles Cavalcanti é músico e compositor, e já teve diversas de suas
composições gravadas por Caetano Veloso, Gal Gosta, Adriana Calcanhoto,
Arnaldo Antunes, Cassia Eller, Lulu Santos entre outros.