2 de abr. de 2019

Jovens quando Sandy & Junior estavam no auge, fãs lembram as loucuras que fizeram pela dupla

Turnê "Nossa História", que celebra 30 anos de carreira, remexe nas memórias de quem teve infância e adolescência marcada pelos irmãos

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Pôsteres, revistas, capas de caderno: a febre de Sandy & Junior insuflou a paixão de fãs como Rayzsa Danetti
Eles cresceram com Sandy e Junior. Dançaram em festas infantis embalados pelo Aniversário do Tatu, disco com a qual os irmãos, então com seis e cinco anos, estreavam na música conduzidos pela mão do pai, Xororó, responsável por boa parte das composições dos primeiros trabalhos infantis. 
Eram pré-adolescentes quando a dupla, já com 13 e 12 anos, afastava-se definitivamente da influência sertaneja da família e apostava tudo no pop em Dig-Dig-Joy, dando início a uma febre que estamparia pôsteres da Todateen e da Capricho — além de abrir centenas de fã-clubes pelo Brasil. 

Eles tornaram-se jovens repletos de emoções quando Sandy e Junior já eram estrelas da música nacional, com direito a série dominical na televisão e letras com mais profundidade em As Quatro Estações. Encararam a crise diante da separação anunciada em 2007, quando Sandy, então 24 anos, e Junior, 23, deram-se conta de que era necessário seguir caminhos solitários naquele despertar da idade adulta.

Assim como a dupla que acompanham há tantos anos, os fãs de Sandy e Junior também viraram gente grande — alguns se casaram e tiveram filhos, tal qual os ídolos. Com a turnê comemorativa de 30 anos, os agora trintões têm a memória revirada diante da possibilidade de cantar e bradar, como fizeram antigamente — ouvindo discos, fitas cassete e, depois, CDs —, no show em Porto Alegre, no dia 21 de setembro. Parcela significativa das vozes que retumbarão na Arena do Grêmio estrofes como “turu turu turu/aqui dentro” e “dig-dig-joy/dig-joy popoy” já exibe marcas da idade no rosto e alguns fios de cabelos brancos. Conheça as histórias de alguns deles, com títulos inspirados nas canções de Sandy e Junior.
* Colaborou Karine Dalla Valle

Eu Acho que Pirei

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Aos 30 anos, Rayzsa Danetti pode botar em prática a faceta de fã que estava adormecida
Rayzsa Danetti fez o tipo mais aficionado de fã. Em 2006, quando os irmãos vieram ao Estado para lançar um clipe no Festival de Cinema de Gramado, a porto-alegrense, então com 18 anos, rumou para a Serra ao lado de uma amiga a fim de seguir os passos da dupla. Quando souberam que Sandy e Junior assistiam a um filme no Palácio dos Festivais, elas compraram bilhetes e se juntaram a eles na sessão. Rayzsa sequer lembra o nome do filme, mas lembra que os ídolos sentaram-se na plateia baixa, cercados por seguranças. Ficou difícil a aproximação. Assim que Junior levantou da poltrona e se dirigiu para a porta de saída da sala, Rayzsa foi atrás. Quase cruzou a linha ao ver o cantor entrando no banheiro masculino, mas foi barrada por um segurança que a lembrou, a tempo, que ali somente homens eram permitidos.
A faceta mais apaixonada se encolheu durante os 12 anos em que a dupla deixou jovens na orfandade, mas emergiu assim que foram anunciadas as cidades que receberão a turnê Nossa História. Como Porto Alegre havia ficado de fora da lista, Rayzsa, agora com 30 anos, arregaçou as mangas. Unida às amigas, realizou uma grande mobilização virtual frisando que os gaúchos também tinham direito a matar a saudade. Criou perfil especial no Instagram, hashtag, comentou nas fotos da Sandy, do Junior, do Lucas Lima — marido da cantora — e de quem mais pudesse ser vencido pelo cansaço. Quinze dias depois do anúncio de retorno da dupla, Porto Alegre foi incluída na turnê.
— Trinta anos na cara e fizemos loucura de novo. A história deles também é a nossa história — justifica-se a fã.

Olha o que o Amor Me Faz

Arquivo Pessoal / Reprodução
Maurício passou maus bocados para ficar ao lado da dupla - principalmente de Sandy
Morador de Porto Alegre, Maurício Pereira Neto tem 34 anos e é presidente do fã-clube Sandy – Oficial Porto Alegre, com mais de 800 membros cadastrados. O grupo de admiradores foi criado entre amigos durante um show solo da cantora no Teatro do Sesi, em 2007. Poucos dias depois, ela e seu irmão anunciariam o fim da parceria. Ao longo de 12 anos, o fã-clube promoveu encontros, festas e, após ter sido oficializado pela equipe da cantora em 2010, passou a sortear acessos ao camarim de Sandy em suas apresentações na Capital.

Com oito shows da dupla no currículo, além de mais de 12 da carreira solo de Sandy, Maurício planeja ir à nova apresentação da dupla em Porto Alegre. Porém, que seja mais suave que a turnê de despedida, em 2007.

— Eu viajei até Curitiba para assistir ao show deles lá, dois dias antes da apresentação em Porto Alegre. Dormi na fila, choveu muito, com a água passando do pé. No dia seguinte, eu perdi o voo para cá. Estava previsto para meio-dia e só consegui embarcar de volta às 23h30. Pousei no aeroporto Salgado Filho na madrugada e já fui direto para a fila do show daqui — lembra Maurício.
Apesar de ter colecionado CDs, revistas, entre outros artigos da dupla, Maurício não esconde sua preferência entre os irmãos:
— Eu sempre amei mais a Sandy. Essa coisa dela ser carinhosa com fãs, sempre me cativou. Já cheguei a ir a aeroporto, esperá-la em teatro, e ela sempre foi bastante atenciosa, com um carinho diferente. Não sei explicar em palavras, é a Sandy.

As Quatro Estações

Félix Zucco / Agencia RBS
Se no passado Luana foi uma fã apaixonada, hoje, aos 33 anos, o sentimento pela dupla ganhou maturidade
Expressões como “ai, que ridículo” e “que idiota” se repetem algumas vezes na fala de Luana Brugnarotto Diel para relembrar a paixão que sentiu por Sandy e Junior. Mais precisamente, para definir o momento em que, então com 7 anos, cravou na memória que Sandy abanava somente para ela de um palco montado no Largo Glênio Peres, em Porto Alegre, onde a cantora mirim apresentou-se para centenas de crianças ao lado do irmão, em show de lançamento do disco Sábado à Noite (1992).
Hoje com 33 anos, marido e um filho, Luana considera que o aceno de mão pode ter tido como alvo muitos outros fãs, mas é difícil redesenhar as lembranças.
— Nem sei se foi para mim, mas, na minha cabeça, foi. Até hoje é.
O carinho da jovem aumentou conforme explodiu o sucesso da dupla. Chegou a participar das promoções que prometiam levar fãs para perto dos ídolos. Quando abriam os concursos de melhor frase, cujo vencedor poderia visitar o camarim e tirar foto com os cantores, Luana passava os dias pensando em frases impactantes. Mandou dezenas. Venceu com a seguinte: “Não sei se o camarim de Sandy e Junior é o melhor lugar do mundo, mas, entre todos, é o que mais desejo estar”. 
Andréa Graiz / Agencia RBS
Ganhadora de um concurso de frases, Luana conseguiu entrar no camarim e posar ao lado dos ídolos
— Foi a realização de um grande sonho de vida — diz, sobre a oportunidade de ter ficado lado a lado dos irmãos.
Hoje, a euforia deu lugar à alegria nostálgica. Luana quer assistir ao primeiro show desde a separação. Chegou a pedir emprestado um cartão para estar na fila da pré-venda que inicia nesta quarta-feira (3), mas, se não conseguir ingresso, não vai desmoronar — como desabaria a Luana de tantos anos atrás. Sente-se satisfeita em mostrar as músicas para o filho, Gustavo, e a remexer numa caixa, mantida no sótão de casa, com recortes e memórias daquela paixão.
— Época de adolescência e infância era outra coisa. Minha preocupação era saber onde era o próximo show. Agora mudou totalmente. Imagina eu, com 33 anos, com trabalho, dormir  na fila para comprar ingresso? Não tem a menor possibilidade de isso acontecer. Hoje, é outra cabeça. Se não conseguir ingresso, vou ficar só acompanhando nos bastidores.

No Fundo do Coração

Arquivo Pessoal / Reprodução
Fernanda é tarimbada em shows de Sandy & Junior: foi em 10 da dupla e cinco de Sandy sozinha
Coordenadora de uma escola de idiomas de Sapucaia do Sul, Fernanda Rafaeli Gomes é veterana quando o assunto é Sandy e Junior. Com 39 anos, ela conta que acompanha a dupla desde 1989, quando apareceram no programa Som Brasil. A partir daí, a moradora de Esteio passou a colecionar discos, fitas K7, CDs, revistas e, entre outros materiais, shows: ela calcula ter ido a 10 apresentações dos irmãos e cinco de Sandy em carreira solo.
— Meu primeiro show foi em 1995, no Parque de Exposições em Esteio. Foi uma apresentação às 11h, lembro que uma tia me acompanhou. Durou uma hora e pouquinho e ainda trocaram de figurino. Ainda eram pequenos. Havia pouquíssima gente, consegui chegar bem perto do palco, consegui tocar nas mãos deles. Foi bom demais! — recorda.
Arquivo Pessoal / Reprodução
Na estrada de fã, Fernanda conseguiu fazer fotos ao lado dos ídolos
Depois disso, o mais próximo que Fernanda chegou perto dos irmãos foi em 2001, quando venceu uma promoção e pôde tirar uma foto com a dupla. No entanto, o contato se deu por breves segundos. Na ocasião, tomou um chá de banco da manhã até a tarde para conhecê-los. “Melhor que nada”, pensa até hoje.
Apesar da concorrência voraz para a compra, Fernanda tem esperanças de conseguir ingresso para o show da dupla em Porto Alegre. Para a fã, uma qualidade dos irmãos que cativa o público é a cordialidade:
— Os dois são extremamente educados, simples e cantam muito bem. Nos dias de hoje, não se vê as pessoas sendo muito cordiais com as outras, pelo contrário, são bastante indelicadas. Eles são justamente o contrário.

O que é imortal não morre no final

Arquivo Pessoal / Reprodução
Alexandre Hendler Evaldt e Sandy, em 2018
Aos 30 anos, Alexandre Hendler Evaldt é integrante dos fã-clubes Amor Sem Fim e Sandy Oficial Porto Alegre. Seu amor por Sandy e Junior vem desde 1999, quando o seriado da dupla estreou na Globo. Para o comerciante de Sapucaia do Sul, a humildade e o caráter dos dois é um fator crucial para manter a base de fãs por tanto tempo.
Ver Descrição / Arquivo Pessoal
Alexandre com Sandy e Junior, em 2006
– Eles transparecem essas qualidades por onde passam. Ambos têm muita delicadeza com os fãs, tratando sempre bem qualquer um, independente da classe ou gênero. Sempre com os pés no chão – garante.
Alexandre tem expectativa alta para ver os irmãos juntos na capital gaúcha pela quarta vez.
– A música deles é algo inexplicável, que me acalma e me leva para um outro mundo. Simplesmente vivo, sabe. É bom demais – relata. – Quero muito vê-los novamente e tenho certeza que será emocionante. Levo uma frase comigo que serve para Sandy e Junior: "O que é bom sempre retorna".

Sandy e Junior

21 de setembro, sábado, às 21h. Arena do Grêmio (Av. Padre Leopoldo Brentano, 110)
Classificação etária: 15 anos. De seis a 14 anos, apenas acompanhados dos pais ou responsáveis legais. Pré-venda para clientes do Cartão Elo nos dias 3 e 4 de abril, a partir das 10h, pelo ingressorapido.com.br e na bilheteria oficial (shopping Praia de Belas – Av. Praia de Belas, 1.881, 2º andar). O público em geral poderá adquirir as entradas em 5 de abril, a partir das 0h1min, pelo site ingressorapido.com.br e a partir da 10h do mesmo dia na bilheteria. Ingressos em primeiro lote: R$ 160 (cadeira superior), R$ 180 (cadeira gold), R$ 200 (pista), R$ 280 (cadeira inferior), R$ 400 (camarote) e R$ 420 (pista premium). O pacote gold (R$ 350 + ingresso de pista premium ou pista) dá direito a credencial diferenciada, entrada antecipada e acesso à passagem de som dos artistas. Meia-entrada para beneficiários legais. Venda sem cobrança de taxa na bilheteria oficial do shopping Praia de Belas de segunda a sábado, das 10h às 22h, e domingo, das 14h às 20h. Venda com taxa no site ingressorapido.com.br.