23 de fev. de 2011

iPad vira atração em shows

Junior Lima e a dupla de DJs 2-Horsemen mostram como fazer música com o tablet


iPad não serve apenas para acessar a internet. Em várias partes do mundo, o tablet da Apple já vem sendo usado para pintar quadros digitais, para gravar músicas, para exibir obras de arte, para fazer mágica. Aqui no Brasil, músicos e DJs já descobriram que o iPad pode ser muito útil não só para fazer música como para se apresentar.


Além de tocar diversos instrumentos musicais, como guitarra elétrica, violão e bateria, Junior Lima, que também faz as vezes de compositor e arranjador, usa bastante o iPad em seu projeto eletrônico Dexterz, que tem com o DJ Julio Torres e o violinista Amon Lima. Junior diz que o iPad, “uma das melhores ferramentas musicais” que já conheceu, permite uma maior aproximação com seu público.

- Como ele é sem fio, posso chegar perto da galera e tocar lá na frente.


Quem concorda com Junior é Felipe Graça, o MOTHERBR41N da dupla de DJs paulistana 2Horsemen. Ele comprou o iPad em julho do ano passado “já pensando em usar” na música. Nas apresentações, a dupla conta com um MacBook Pro de 15 polegadas, onde ficam armazenadas as músicas e o programa Ableton Live (software sequenciador musical baseado em repetições, ou loops), que são controlados a distância pelo iPad. Graça conta que, normalmente, existe uma barreira entre o DJ e a pista, que separa o artista do público. O tablet acaba com esse muro.

- Com o iPad, não precisamos mais ficar na cabine. Uma coisa legal que a gente gosta de fazer nas apresentações é pedir para alguém controlar um trecho da apresentação. O Rabih [Aidar, também conhecido como DETHM47CH] vira uma espécie de Guitar Hero e orienta a pessoa: aperta esse botão aqui, libera aquele…


iPad tem 1.001 utilidades na música
Mas é claro que o forte do aparelho não é apenas a mobilidade. Junior usa o iPad para criar alguns arranjos e, por meio do adaptador iRig, usar o aparelho como uma pedaleira de guitarra. A grande revolução, para ele, são as várias utilidades que o aparelho tem graças aos aplicativos.

- Disparo os samples e outros instrumentos eletrônicos, controlo os efeitos, tudo pelo iPad. Controlo toda a mixagem que vai para a PA [de Public Adress, ato de realizar uma performance com música, geralmente eletrônica, ao vivo], tudo por ele. Antes, eu disparava pela bateria eletrônica.

Para a dupla de DJs, o tablet tem outras utilidades. Enquanto Aidar fica no meio da multidão pilotando o iPad, Graça usa a mesa APC 40 (um controlador MIDI) para lançar os sons e os samples. MIDI (Interface Digital para Instrumentos Musicais, na sigla em inglês) é uma tecnologia de comunicação entre instrumentos musicais e equipamentos eletrônicos (teclados, guitarras, sintetizadores, sequenciadores, computadores, samplers etc) que permite que uma composição musical seja executada, transmitida ou manipulada por qualquer dispositivo que reconheça esse padrão.

Eles dizem que o aparelho da Apple não representa só mobilidade, como também menos equipamentos pesados para carregar a cada apresentação. A dupla trocou um mixador de oito canais que carregava para todas as apresentações, o KorgZero8, que servia de controlador de MIDI e da placa do som, pelo tablet e por uma placa dedicada.

- Graças a ele eliminamos mais ou menos 10 kg de nosso equipamento. O iPad é uma espécie de joystick sem fio que permite muitas coisas.


Aparelho ainda pode ser mais explorado

Tanto o músico como o DJ usam o aparelho para outras coisas além de tocar. Junior diz que usa muito o iPad, “tanto no trabalho como na vida pessoal”, para ler, ver notícias, filmes, trabalhar e jogar, principalmente quando viaja “para fazer shows”. Já Graça diz que a dupla ainda não explorou 1% do aparelho, precisa ainda fuçar mais.

- Ainda não usamos o acelerômetro, por exemplo, para controlar efeitos [no trabalho], mas pessoalmente já o uso para ler gibis, jogar, navegar na internet. Mesmo assim, meu notebook virou desktop: o iPad assumiu o lugar dele como portátil.


Embora seja Wi-Fi (sem fio), o iPad ainda não deixou os músicos na mão. Junior Lima conta que é tudo instantâneo, sem atraso. Mas Felipe Graça conta que a conexão entre o iPad e seu MacBook Pro já deu uma engasgada.

- Não foi nada apocalíptico, porque se ele falhar conseguimos controlar o Live pelo próprio Mac.

Os dois músicos concordam numa coisa: sem o iPad, não dá. Para Junior Lima, “nesse projeto eletrônico, ele faria bastante falta”. Para Felipe Graça, o aparelho “virou um fenômeno na música”, mesmo que os usuários ainda estejam descobrindo o que dá para fazer com ele.
Veja abaixo o vídeo de uma música do Dexterz, no qual o DJ Julio Torres usa o iPad para fazer alguns efeitos sonoros:


Fonte: R7