23 de mar. de 2019

“Turnê de Sandy e Jr. é para reviver e nunca esquecer”, diz diretor



Quando Sandy e Junior subirem ao palco do Classic Hall, em Recife, no dia 12 de julho, para o primeiro show da turnê “Nossa História”, Raoni Carneiro já vai ter somado oito meses pensando nos irmãos.

“O primeiro papo que tive sobre uma concorrência no projeto foi em novembro do ano passado. Preparei um argumento na condição de estar no projeto com a liberação da Globo”, conta o diretor-geral da turnê ao G1, que tem contrato de exclusividade com a emissora.

Desde então, Raoni tem tido várias ideias e contado cada uma delas a Sandy e Junior. “Eles são exigentes, mas eu acho que também sou.”

O diretor paulista de 37 anos começou como ator e um dos seus primeiros papéis foi justamente no seriado de Sandy e Junior, no ar entre 1999 a 2002. Ele diz que a turma “era meio fechada”, mas o contato com a dupla começou naquela época.

Nos últimos anos, ele se especializou em projetos musicais. Dirigiu DVDs de artistas como Fresno, Anitta, Paula Fernandes, Chitãoziho & Xororó e Sandy. Também assinou programas da Globo como “Show da virada”, “Criança Esperança” e “Só toca pop”.

A voz dos fãs vai ser ouvida?
Raoni conta que, além das questões mais técnicas, tem buscado entender o que o público quer viver. “Penso neles o tempo todo”, garante. Ele diz que tem buscado uma criação colaborativa. “Qualquer mesa que se fale esse nome, já chegam milhares de opiniões, lembranças, histórias.”

Vai ter o repertório infantil?
Quando Sandy e Junior encerraram a turnê, já cantavam músicas bem mais maduras do que “Maria Chiquinha”, que colocou os irmãos em evidência em 1989.

Mas será que faixas mais infantis como esta terão espaço no show de uma Sandy de 36 anos, um Junior de 34 e para um público que cresceu com eles?

“No argumento que tive que apresentar para a defesa do show, escrevi uma coisa que acho que eles se identificaram: nosso show não terá época. Ele vai acontecer ali e naquela hora. Quem viveu, viveu! É pra reviver? Sim, mas é para nunca mais esquecer. Para todos será um novo sentimento.”
“Sucessos são feitos para serem cantados. O maior desafio, nesse caso, é que são muitos para caber em um show só.”

Dois cantores e duas estruturas
Outro desafio citado por Raoni é a logística dos shows. Serão dez apresentações em dois meses. Por isso, a turnê contará com dois conjuntos de equipamentos rodando o Brasil. “Por ser um show grande, com datas seguidas, iremos preparar duas produções que vão viajar paralelas.”

Embora não cite valores, o diretor-geral garante que não está sendo podado em nada. “Uma coisa rara de se acontecer. Até agora não ouvi um ‘não’.”

Parceria antiga
Raoni e Fernanda Rodrigues, amiga de Sandy, estão juntos há 11 anos e são pais de Luisa, de 10 anos e Bento, de 3. As famílias dele e a da cantora são amigas.

Unido a Sandy e Junior pela família, pela TV e por trabalhos anteriores como um DVD da cantora, Roani agora tem a missão de ajudar a recapitular a história da dupla nos palcos.

Em termos de estética do show, do palco, o que podemos esperar da turnê “Nossa história”? Muitos elementos nostálgicos?
A primeira grande preocupação que a gente tinha era trazer o sentimento de nostalgia sem necessariamente ser esteticamente nostálgico. Estamos falando de um grande show atual, que o pensamos como atual, e que seja viável para rodar o Brasil. Queremos uma estética moderna e atual. É inevitável, quando o nome do show é “Nossa história”, que exista uma nostalgia. A gente tem um sentimento pelas músicas, pelas histórias que essas canções criaram, as vivências. O foco do show são as canções. Mas não é um show documental, que vai contar historinha ou ter uma linearidade histórica. Não existe isso. Vamos revisitar o repertório botando-o num contexto moderno. É o momento que a gente vive, não tem razão para nos basearmos apenas nas experiências de trás.

Como foi a conversa com Sandy e Junior nesse sentido?
Eu falei muito para eles que o que me interessava era o aqui e o agora, a experiência que vamos viver naquele dia do show. Vamos reviver nossas lembranças, mas o show tem que ficar marcado como algo de hoje pra frente. É moderno, atual, com umas questões estéticas bem apuradas. A sensação pode ser de nostalgia, mas com uma nova experiência proposta. Uma mistura do passado e do presente.

Qual é o perfil do público, na sua opinião? É mais a galera que curtia antes, que na época não tinha dinheiro pra comprar ingresso? Ou um público mais jovem?
Para mim, tem uma coisa fundamental nesse show que é a atemporalidade. É basicamente um público que vai de 25 até uns 40 anos, um range de 15 anos de pessoas que foram atingidas de maneira direta. Mas muitas delas tiveram filhos. A minha filha, por exemplo, foi apresentada Sandy e Junior. Começamos a reparar que os nossos amigos e outras pessoas fizeram a mesma coisa. Então, temos um público jovem adulto e também o que tem seus filhos, que já passou um pouco por essa experiência.

Por isso, a atemporalidade era fundamental. As músicas que vão ser cantadas no show são cantadas até hoje. O público é cada vez mais abrangente, então o leque ficou muito grande. Não pensamos em segmentar em idade ou classe, entendemos que os sentimentos são muito comuns, que fazem a força do repertorio. Isso fica claro no fenômeno de venda e de procura.

Vocês já esperavam essa procura?
A gente está se surpreendendo, sim, com ela. Nem a gente nem a Live Nation, que produz a turnê, esperávamos uma procura tão imensa como está sendo. É uma agradável surpresa e tenho maior orgulho de fazer parte deste projeto. É uma explosão, um fenômeno, nem sei como vocês vão chamar (risos) .

Por que a opção por palcos “menores” em algumas praças? Foi algo para criar um clima intimista? Ou não dava para antecipar o tamanho que isso tomaria?
Não tem a ver apenas com a procura. Mas existe um cronograma e um jeito de viabilizar a turnê. É uma turnê pequena, são só 13 shows ( até o momento, foram 12 shows anunciados oficialmente ). Os lugares escolhidos são aqueles que hoje recebem grandes eventos. São casas com credibilidade no mercado, em termos de bilheteria, de entrega…

Quais são os desafios logísticos de uma turnê como essa?
A turnê foi pensada por um desenho de produção e viabilidade. Por exemplo, dia 12 de julho é o primeiro show, em Recife, e dia 13 já tem em Salvador. O projeto é tão grande em termos de logística que eu já tenho que ter dois cenários produzidas, duas logísticas tanto aérea quanto terrestre sendo disparadas para Recife e Salvador, porque não dá para transportar a tempo.

A gente prezou por uma experiência igual em todas as praças, por isso a cenografia, o show, a performance, a banda e o balé são os mesmos em todas as apresentações. Não queremos um olhar intimista. Apenas uma adequação aos espaços físicos que temos. Foi desenhada uma turnê coerente com os artistas grandes que a gente têm no Brasil hoje.

Por que a escolha de usar triângulos entre os nomes de Sandy e de Junior no pôster da turnê?
Eu me preocupei, ao fazer a defesa do projeto, de que a comunicação fosse feito no sentido de deixar claro que não é uma volta. Apresentei para eles a ideia de tirar o “&” como marca e usar os triângulos. Não é mais uma dupla, é um projeto específico que dura 13 shows. É a Sandy se reencontrando com o Junior no palco, e vice-versa. Eles decidiram se unir para isso. Por isso, a ideia dos triângulos. E eles têm todo um histórico de elementos visuais que os marcaram enquanto dupla. Tenho certeza de que, no futuro, todo mundo vai olhar para os triângulos e lembrar que essa foi a turnê especial que fizemos em 2019.

Por G1, O Globo, Adapt. A Gente Dá Certo