19 de jan. de 2012

Mauro Ferreira: “Sandy encara Michael em cena com charme, oscilações e bons arranjos”

O jornalista e crítico especializado em música, Mauro Ferreira, elogiou o show do Projeto Covers, no “Blog Notas Musicais”, o jornalista escreveu duas notas.
A primeira nota, Sandy resume bem a obra do ‘Rei do Pop’ no show em que canta Michael, mostra apenas o roteiro do show. E a segunda, Sandy encara Michael em cena com charme, oscilações e bons arranjos, é uma ótima crítica. Para comentar no Blog Notas Musicais, clique nos títulos das notas.
Sandy resume bem a obra do ‘Rei do Pop’ no show em que canta Michael

Ao longo de 17 músicas, o roteiro do show em que Sandy interpreta Michael Jackson (1958 – 2009) cumpre bem a função de resumir a obra e o legado do Rei do Pop, dando boa amostra da genialidade do cantor. Idealizado para o Circuito Cultural, projeto do Banco do Brasil, o espetáculo saiu de cena na noite de quarta-feira, 18 de janeiro de 2012, após apresentação que lotou o Teatro Guararapes, em Olinda (PE). Sob a direção de Monique Gardenberg, Sandy cantou sucessos de todas as fases de Michael. Eis o roteiro seguido pela cantora – em foto de Mauro Ferreira – na quinta e última apresentação do show Sandy Interpreta Michael Jackson:
1. Bad (1987)
2. Smooth Criminal (1987)
3. Rock With You (1979)
4. Human Nature (1982)
5. Ben (1972)
6. Music and me (1973)
7. I’ll Be There (1970)
8. Blame It on the Boogie (1978)
9. The Way You Make me Feel (1987)
10. I Want You Back (1969)
11. Man in the Mirror (1987)
12. Planet Earth (poema) – voz de Michael Jackson em off
Earth Song (1995)
13. Leave me Alone (1987)
14. Billie Jean (1982)
15. Thriller (1982)
16. Gone Too Soon (1991)
Bis:
17. Don’t Stop ‘Til You Get Enough (1979)
Sandy encara Michael em cena com charme, oscilações e bons arranjos

Resenha de show
Evento: Circuito Cultural Banco do Brasil
Título: Sandy Interpreta Michael Jackson
Artista: Sandy (em foto de Mauro Ferreira)
Local: Teatro Guararapes (Olinda, PE)
Data: 18 de janeiro de 2012
Cotação: * * *
O anúncio de que Sandy abordaria o repertório de Michael Jackson (1958 – 2009) em um espetáculo inédito idealizado para o Circuito Cultural, projeto itinerante do Banco do Brasil, gerou incredulidade e deboche nos bastidores musicais. Quando o show estreou em novembro de 2011, em Curitiba (PR), tal incredulidade virou desconfiança quando a apresentação de Sandy recebeu mais elogios dos críticos do que os shows de Maria Bethânia (dedicado ao cancioneiro de Chico Buarque) e Lulu Santos (centrado na obra de Roberto Carlos & Erasmo Carlos). Será que Sandy acertou mesmo o tom ao cantar os sucessos do Rei do Pop? Sim, Sandy acertou – a julgar pela quinta e última apresentação do espetáculo idealizado sob a direção de Monique Gardenberg, feita na noite de 18 de janeiro de 2012 no Teatro Guararapes, em Olinda (PE), ponto final do atual Circuito Cultural. A rigor, o show tem oscilações, mas Sandy encara os sucessos de Jackson com charme, com a voz afinada que Deus lhe deu e com arranjos elegantes, a cargo de Lucas Lima. O charme já é perceptível na mise-en-scène que abre o show, quando Sandy revive Bad (1987) com chapéu, luva prateada na mão direita e gestuais que evocam a figura de Michael sem cair na imitação. A voz concilia técnica e emoção em Gone Too Soon (1991) – música que encerra o show como um lamento pela precoce saída de cena do astro – e se entrosa com o violonista da banda em I’ll Be There (1970) em dueto que remete à gravação original do grupo Jackson 5. Embora geralmente reverentes aos arranjos dos discos de Michael, os arranjos de Lucas Lima permitem algumas liberdades estéticas como o solo de piano em Ben (1972) e o clima folk esboçado em Music and me (1973), destaques do set de baladas aberto com menor apelo em Human Nature (1982). Nos números dançantes, o show oscila. Falta a Sandy suingue para encarar a azeitada mistura de rock, pop e funk que caracteriza a obra de Michael na fase adulta do cantor. Thriller (1982) aterroriza pela falta de jeito para abordar música tão empolgante na batida original. Rock With You (1979) soa menos aterrorizante, mesmo sem sequer esboçar a pegada da gravação de Michael. Falta balanço black em I Want You Back (1969) – hit inicial do Jackson 5 – assim como falta vivência emocional para Sandy expor em cena a saga emocional de Billie Jean (1982). Contudo, o fato é que – ao contrário de Seu Jorge, constrangedor ao abordar as músicas do Rei do Pop em show gravado para emissora de TV – a cantora deixa boa impressão no todo ao cantar Michael. O espetáculo é chique – inclusive no que diz respeito aos elementos cênicos como os globos espelhados que evocam a era da disco music quando Sandy canta Blame It on the Boogie (1978), incursão de Jackson pelos embalos noturnos dos anos 70. Se parece pouco à vontade quando ensaia alguns passos de dança em números como Smooth Criminal (1987), Sandy em contrapartida soa inteiramente verdadeira quando eleva os tons em Leave me Alone (1987) – apelo de Michael contra os paparazzis e urubus de plantão – e quando lamenta os abusos ambientais na bela interpretação de Earth Song (1995). Aos urubus, aliás, cabe reiterar que, sim, há certo charme, beleza e boa música no show em que Sandy canta Michael no Circuito Cultural. Sobretudo quando Sandy interpreta Michael Jackson como Sandy.