24 de jun. de 2016

No controle do que canta e fala, Sandy chega a 27 anos de carreira e lança CD

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Se fosse funcionária pública, Sandy Leah Lima, 33, já vislumbraria a aposentadoria. Mas, como é uma empreendedora da música desde os seis anos, quando estreou em rede nacional de TV, ela volta à labuta após hiato de três anos e comemora 27 anos de carreira com novo álbum e DVD.

Chega às lojas nesta semana “Meu Canto”, registro de show feito no Teatro Municipal de Niterói no fim de 2015. Mas as músicas já estavam por aí antes do CD chegar. O lançamento foi feito em múltiplas plataformas e priorizou a venda digital à física.

Confira a foto do ensaio em nossa galeria:
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A cantora abraçou a Apple Music, plataforma musical da Apple para celulares e afins: disponibilizou o CD ali uma semana antes de a prensagem de 30 mil chegar às lojas. Vendeu as faixas antecipadamente no iTunes. Firmou ainda parceria com o maior concorrente da Apple Music, Spotify – nesse outro serviço sonoro, três músicas presentes apenas no DVD estarão disponíveis para audição. Aliou-se também ao Facebook.

Foi na sede paulistana da rede social que recebeu a imprensa para falar sobre o trabalho que sucede “Sim”, de 2013. “Não sou superpresente nas redes sociais, em termos de eu fazer as postagens, mas sou eu que digo sim ou não depois que me apresentam [as opções]”, diz. É ela que publica fotos no Instagram, mas conta com ajuda para outros redes sociais, que classifica como “a forma de divulgação mais importante hoje”.

Sandy não é artista júnior, e mostra tarimba sênior na hora de comandar sua carreira com mãos pequenas, mas muito firmes. “Gosto de me envolver com tudo. Na parte artística, precisa ter a minha mão em tudo. Eu preciso estar com as rédeas das coisas”, afirma Sandy, em tom de Sandy. Não é difícil ser uma estrela que canta, compõe, produz e ainda pensa em marketing? É bastante difícil.”

Musicalmente, o trabalho aposta na fórmula que vem o funcionando. “É quase uma consequência do rumo anterior da minha carreira. Não estou apontando para algum lugar, estou desaguando.” Ela deita seu domínio vocal sobre as 20 faixas, em estilo 100% Sandy: doce, ainda vigoroso, estudado e executado para deixar uma repetição do refrão para o público cantar.

No CD, ela se juntou a Tiago Iorc, cantor cultuado por legiões de nascidos já nos anos 2000, para uma parceria em “Me Espera” – o clipe dos dois juntos no YouTube deve alcançar 6 milhões de visualizações antes da publicação deste texto. Também passou a mão no telefone e ligou para a linha fixa de Gilberto Gil, que respondeu com “Claro, minha linda” a seu convite de cantar em “Olhos Meus”.

Sandy chega para a sessão de fotos. A sala se enche com seu 1,58m de presença. Senta e evoca uma expressão angelical e conhecida. Após dois cliques, conversa com o fotógrafo Adriano Vizoni: “Posso te pedir para levantar a câmera um pouco?”. Sugere, muito catita, que se mude o lugar das luzes.

A artista, nutrida de fama desde a primeira infância, é uma máquina de marketing. E parece saber disso. Em meio à entrevista (gravada por uma assessora) pontua respostas com frases como “As pessoas vão amar saber disso”, antes de explicar que a música “All Star”, de Nando Reis, entrou no repertório do trabalho por escolha dos fãs.

Foram também os fãs que a trouxeram de volta da licença-maternidade estendida – “Achei que fosse voltar após seis meses, mas não quis.” Quando o bebê Theo estava com nove meses, em 2015, recebeu o convite para fazer parte do corpo de jurados da competição musical “SuperStar”, da Globo, cuja final acontece no domingo (26).

O programa reacendeu nela a vontade de estar no palco. Resolveu fazer uma turnê pequena que culminou no novo CD e seus consequentes shows para 2.000 pessoas – que se esgotam com semanas de antecedência, Reformulou a carreira de maneira que pudesse levar o filho à maioria dos compromissos, numa mostra plena de controle.

Mas às vezes as coisas fogem do controle até para Sandy. Como cinco anos atrás, quando a “Playboy” estampou na capa uma frase sua: “É possível ter prazer anal”. Um executivo da revista, que há três edições é publicada por um novo grupo, disse uma chamaria Sandy para ser a garota da capa – ou ao menos para uma nova entrevista.

Ela responde que talvez tope a segunda opção: “Mas ficaria muito esperta, cuidando de cada palavra. Você vê que eu já cuido, eu cuidei o dobro naquela entrevista e mesmo assim não escapei. Não dá para a gente prever tudo.” Sandy é sênior o suficiente para saber que às vezes mesmo ela falha.


MEU CANTO
 
ARTISTA Sandy
GRAVADORA Universal
QUANTO R$ 24,90 (CD) e R$ 29,90
FAIXA A FAIXA Algumas músicas do novo disco

MEU CANTO
“Seja bem-vindo, entre sem bater. Sem julgar, sem tentar entender”, canta Sandy quase à capela na abertura. Vozeirão, ainda que debruçado sobre literalidades.

SIM
Manifesto de positividade, que batizava o álbum de 2013. O nome da faixa poderia muito bem ser “Talvez”.

ME ESPERA
Dueto com Tiago Iorc, o “Sandy” das adolescentes que nasceram já na década de 2000, feito para virar trilha de novela. E não é que a coisa funciona?

OLHOS MEUS
Há uma década, Gilberto Gil disse: “Gosto de gostar de Sandy & Junior”, como mostra do seu gosto eclético-revolucionário. E prova disso hoje, emprestando sua malemolência ao canto certinho de Sandy.

COLIDIU
Música inédita, e finalmente, algo que foge bem à fórmula. Base eletrônica, suingue, letra empoderada.

SALTO
Pegada de canto lírico, sem deixar o diafragma relaxar uma respiração, e letra que levaria um diabético ao coma, de tão melosa. Próxima.

NADA É POR ACASO
Hit do comecinho do milênio, quando Sandy ainda estava com Junior. Um bis que levou a plateia aos berros histéricos pelos bons (?) e velhos tempos.

Folha de S. Paulo.