– O que você pensou naquele momento? O que sentiu? – pergunto uma semana depois, uma hora antes do terceiro show da miniturnê, no Vivo Rio, no Rio de Janeiro.
– É menos pensar e mais sentir, mesmo. – responde a cantora no camarim, minutos depois de receber os amigos Raoni Carneiro (diretor do show), Fernanda Rodrigues e Paulo Vilhena nos bastidores – Foi uma emoção enorme, porque já fazia quase um ano e meio que eu não pisava no palco assim, de show mesmo. Tinha feito uma coisinha ou outra, tinha feito o “Superstar”, mas não tinha feito o meu show para o meu público, então é aquele público que me recebe com tanto carinho, tanto calor, tanta emoção, tanta energia boa… e acaba transmitindo. Eu sou muito sensível a isso, sabe? Sinto na hora! Não sei… Transborda, parece. Dá uma vontade de chorar mesmo.
Veja o vídeo da cena em questão:
O que mudou, então?
– Você sabe que quando eu voltei a cantar depois de ter terminado a dupla, que eu fiquei três anos praticamente longe do palco, foi uma emoção bastante parecida. E teve outra coisa agora, né? Foi um outro motivo. Eu fiquei um ano e meio parada, mas foi pela maternidade, foi para ter o Théo. Eu acho que isso modifica a gente de um jeito irreversível, definitivo, né, e muito bom, muito positivo. Voltar para o palco, com essa bagagem nova que eu tenho agora, e ver que as pessoas ainda estão lá, foi uma coisa que me deixou muito emocionada. Tudo agora tem um novo sentido para mim, sabe?
Foi por causa dos cuidados com o filho, também, que Sandy se disse sem inspiração para um álbum de estúdio, há cinco meses. O público esperava um disco novo para este ano, e o projeto foi adiado, com o DVD ao vivo vindo antes. Nesta entrevista, porém, ela diz que a inspiração está começando a voltar, após o “Superstar”. É interessante imaginar o que virá por aí, no primeiro disco como mãe. No álbum solo de estreia, “Manuscrito” (2010), Sandy se mostrou bastante melancólica. No segundo, “Sim”, veio mais solar e alegre. E agora?
– Ah, eu continuo falando de mim, das minhas emoções, do que eu consigo colocar na música não de uma maneira autobiográfica, mas que imprima as minhas emoções, né? As músicas imprimem as minhas emoções, de alguma maneira. Eu continuo assim, escrevendo sobre o que eu sinto, mas acho que estou em uma tendência… (se interrompe) É que essa música nova que eu coloquei no show é bem alegre, mas as outras coisas que eu estou fazendo não são tão alegres assim. Eu estou tendendo a ter um momento um pouquinho mais introspectivo de novo.
Ouça a música nova, que ela está cantando nos shows:
Com Gil, ela já cantou nem uma, nem duas vezes, mas um bocado delas – ele participou, por exemplo, daquele show de Sandy & Junior para 1,2 milhão de pessoas. A novidade é Tiago Iorc, de quem ela assistiu a um show em Campinas há três meses. Não conhecia muito bem seu trabalho, mas gostou do que viu. No Instagram, escreveu: “valeu a pena sair um pouquinho da toca pra conferir um talento assim”. O cantor, que antes só cantava em inglês, tem quase 30 anos e quatro álbuns, sendo um dos representantes da nova geração a música brasileira. Sandy admite que não é muito antenada no que há de novo.
– Ah, tem bastante gente boa, sempre tem música boa… Estou pensando aqui… (pausa) Hum… Eu não tenho estado muito atualizada, porque meu foco agora tem sido outro nesse momento, né? [o filho] Agora que eu vou parar para pensar em outras referências brasileiras, mas, não sei… O que eu posso citar aqui eu acho que não é mais considerado “nova geração”, que é a Céu. A Céu é uma que eu adoro, mas ela já tem uns anos de estrada.
O curioso é que, dentre os artistas mais jovens, que bombam nas paradas atualmente, a maioria cresceu ouvindo Sandy & Junior. Luan Santana, Anitta e até Maria Gadú são fãs assumidos. A cantora de “Show das Poderosas” chorou quando gravou o “Altas Horas” ao lado de Sandy. Ícone de uma geração, ela, que citava Mariah Carey, Celine Dion e Elis Regina como ídolos quando tinha a idade deles, agora se vê como referência. Além da percepção óbvia, que “está ficando velha”, isso é sinal também de transcendência de uma época e marco na história do pop nacional.
– Eu nunca tinha pensado nisso, de agora estar sendo citada. Nunca tinha parado para pensar por esse ângulo, mas eu acho incrível, um máximo, quando alguém que tem uma carreira muito bem sucedida, ou alguém admirável, cita meu nome. Fico lisonjeada e me sinto muito honrada.
Sandy sabe, também, que essas citações não se devem apenas a ela. A maior parte de sua carreira foi construída ao lado do irmão. Os maiores números e grandes feitos são de quando cantava em dupla. É uma trajetória que ela não rejeita de forma alguma, e sempre faz questão de dizer que se orgulha. Nunca houve sequer um show da carreira solo em que ela não cantasse pelo menos uma música dos tempos áureos. Geralmente, são duas. Mas, com a simbologia dos 25 anos, os fãs têm pressionado para que eles façam algo juntos – o que ela diz que ainda não os contagiou. Mas então rola esse DVD solo, e…
– Qual a chance, de 0 a 10, do Junior aparecer para uma participação surpresa?
– No DVD? Zero! (risos) Talvez na plateia.
Antes da gravação, a turnê-teaser passa por Belo Horizonte no dia 23 e Paulínia no dia 30. No ano passado, quando cantou em Paulínia, que é do lado de Campinas, onde mora, Junior apareceu de surpresa (para ela) no palco. Os dois cantaram “A Lenda”, então fica a dica que Paulínia é o lugar. Mas os ingressos também estão esgotados.
Fonte: Popline