A
cantora Sandy lançou nesta quinta-feira, 17 de novembro, no Citibank
Hall, em São Paulo, o DVD "Manuscrito Ao Vivo", sem muitas novidades
para quem acompanha a trajetória da campineira de 28 anos. Ela seguiu
praticamente a risca o repertório faixa a faixa. Começou com "Pés
Cansados" e terminou, após cerca de uma hora e meia, com "Tempo". Essas
duas canções fazem parte do álbum de estúdio "Manuscrito", do qual só
"Mais Um Rosto" não está no DVD e no show.
Usando
blusinha laranja com detalhes em preto, e uma saia comprida preta,
Sandy demonstrou simpatia o tempo todo e atraiu uma legião de fãs.
Muitos deles dos tempos de Sandy & Junior, fase da qual ela disse
muito se orgulhar. "Construiu o que sou hoje", garantiu, antes de
lembrar um dos sucessos gravados com o irmão, "Quando Você Passa (Turu
Turu)". O que seria patético foi acompanhado aos gritos. Porém, a voz
dela soa estridente em muitos momentos e é pouco emocionante, em outros.
O
repertório é bastante desigual e é difícil aguentar muitas baladas
românticas doces e grudentas do repertório de Sandy, que aparece num
cenário que remete a uma casa estilizada. Poucas se salvam. Mas o
que salva são as interpretações bem pessoais de canções mais dançantes e
suingadas do repertório de artistas como KT Tunstall ("Black Horse and
The Cherry Tree"), Corinne Bailey Rae ("Put Your Records On"), Marisa
Monte ("Beija Eu") e Lenine ("Hoje Eu Quero Sair Só"). Fugindo ao
script, há uma versão de "Bad", do Michael Jackson, para quem ela
dedicará um show especial na próxima segunda-feira, 21 de novembro, na
Via Funchal, também em São Paulo. Fiquei um pouco com medo do que
virá. E, quase no final, ela contagia com "Casa", de Lulu Santos.
Garanto
que para quem, como eu, nunca tinha visto um show de Sandy, foi, no
mínimo, antropológico. Primeiro, por reconhecer nela uma boa cantora.
Depois, por perceber o quanto nossa sociedade atual, e os artistas são
reflexos dela, é politicamente correta e fofinha demais. Tudo parece
milimetricamente calculado. Quando escapa ao controle, no momento em que
parte dos fãs se levanta, vai para frente do palco e leva a cantora a
mandar a capela um trecho de "Você Pra Sempre (Inveja)", ela parece
contrariada, mas pede educada: "Galera, vamos sentar para não atrapalhar
quem está atrás". É prontamente atendida.
Ainda
bem que saí dali e voltei para casa ouvindo Cazuza. Ah, Sandy também
fez uma versão de "Por Enquanto", da Legião Urbana, acompanhada por um
coro de milhares de vozes. Mesmo competente, não chegou aos pés da
ousadia de uma Cássia Eller. Faltou só mesmo "Wonderwall", do Oasis.
Essa só para quem tiver paciência de ouvir o DVD "Manuscrito Ao Vivo".
As fotos tiradas pelo Yahoo,você pode conferir AQUI